Reflexões sobre loucura e escravidão em <i>“A Escrava”</i>, conto de Maria Firmina dos Reis
DOI :
https://doi.org/10.5902/2357797588251Mots-clés :
Escravidão, Loucura, Sofrimento, DesumanizaçãoRésumé
Este ensaio consiste em uma proposta de análise do conto A Escrava, da escritora maranhense Maria Firmina dos Reis (1822-1917). Nosso objetivo é estabelecer relações entre os fenômenos da escravidão e da loucura, destacando esta intersecção, a partir da leitura crítica da obra, na qual pudemos acompanhar os sofrimentos da personagem Joana, uma mulher negra, escravizada e fugida, que encarna em sua trajetória de vida, muitos dos horrores desencadeados pelo regime escravocrata. Por meio de uma reflexão teórica, que preza pela interdisciplinaridade suscitada pela leitura de artigos de áreas distintas, traçamos apontamentos sobre a desumanização dos corpos negros escravizados –- um processo capaz de causar sofrimentos que conduzem à loucura. A partir da análise, percebemos que o enlouquecimento da escravizada Joana está ligado às consequências de relações escravistas, que lhe retiraram a humanidade. Joana teve seus dois filhos pequenos arrancados dos braços. Maria Firmina dos Reis, nesta obra, dá voz a personagens que retratam a vida de pessoas que não tinham o direito de falar ou reivindicar. Pelo contrário, seus corpos eram coisificados e animalizados por seus possuidores, restando-lhes apenas a sujeição e a desumanização.
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