A Tecnologia Social e suas contribuições para o desenvolvimento da resiliência climática no semiárido potiguar
DOI:
https://doi.org/10.5902/2357797590273Palavras-chave:
Tecnologia Social, Mudanças climáticas, Adaptação climática, Resiliência climática, SemiáridoResumo
As mudanças climáticas há algum tempo ultrapassam a esfera científica usual e penetram no cotidiano socioterritorial, influenciando diretamente a vida das populações, especialmente em regiões vulneráveis como o semiárido brasileiro. Diante desse cenário, iniciativas de Tecnologia Social (TS) e Inovação Social, ganham destaque por seu potencial de promover a resiliência em comunidades, cujas fragilidades são amplificadas dentro desse emergente contexto. O presente trabalho tem como intuito descrever as TS desenvolvidas e aplicadas pela incubadora de tecnologias sociais Engenheiros Sem Fronteiras (ESF-Natal), ligada a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e como elas podem colaborar para a construção do conceito de resiliência climática, principalmente em comunidades rurais do semiárido do Rio Grande do Norte (RN). A metodologia do artigo é baseada em uma abordagem qualitativa, com enfoque em um estudo de caso. Os resultados obtidos revelam a identificação de impactos ambientais, socioeconômicos e científicos/tecnológicos positivos para as famílias usuárias das tecnologias sociais, assim como para os integrantes do projeto. Dentre os principais contributos para a resiliência climática, destacam-se a adoção de práticas de convívio com a seca, a promoção da conscientização ambiental e a melhoria da segurança alimentar e nutricional. No entanto, evidencia-se a necessidade de implementar um sistema de monitoramento e avaliação a longo prazo das tecnologias implementadas, a fim de garantir a sustentabilidade das iniciativas e permitir uma análise aprofundada de sua efetividade ao longo do tempo.
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