Planejando biodigestor em escola na Maré: educação ambiental crítica e tecnologia social

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2357797590258

Palavras-chave:

Saneamento, Educação ambiental crítica, Tecnologia social, Justiça ambiental

Resumo

A desigualdade no acesso ao saneamento básico e ao meio ambiente equilibrado é fruto de escolhas políticas dentro de um modelo socioeconômico excludente que produz zonas de sacrifício, como as favelas, para se perpetuar. A ciência e a tecnologia estão inseridas neste contexto e, quando se dizem neutras, servem aos interesses hegemônicos. Na luta por justiça ambiental, é preciso pensar soluções de saneamento em favelas. Este artigo relata a experiência de planejamento participativo de um biodigestor com estudantes da Escola Estadual Professor João Borges de Moraes, na Maré, como parte de um processo de educação ambiental crítica. Utilizando a sistematização de experiências práticas, o estudo destaca a observação participante e a análise de roteiros de aula. Os resultados evidenciam o papel ativo dos estudantes, a relevância da prática para o ensino e a formação no tema dos participantes. A contribuição do artigo reside em demonstrar como a educação ambiental crítica e a tecnologia social podem contribuir para a redução das desigualdades através da construção do pensamento crítico, da criação de soluções, do engajamento coletivo, e de políticas públicas, voltados ao saneamento.

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Biografia do Autor

Julia Neves Nicolao, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Integro, como engenheira ambiental e educadora popular, a equipe multidisciplinar do projeto de extensão LUTES: Lutas Urbanas, Tecnologia e Saneamento (SOLTEC/NIDES/CT/UFRJ), que atua em escolas das favelas Nova Holanda (Maré) e Rocinha, através de parceria com ONGs, empresa de impacto social e lideranças locais. O foco do projeto é, ao longo do processo de ensino-aprendizagem, construir com os estudantes interseções entre os conceitos de saneamento, território, violação de direitos, e racismo ambiental, para fazer diagnóstico, escolha e implementação participativa de soluções de saneamento. Integrei a equipe de saneamento para concepção, obra e educação ambiental da Taboa Engenharia. Atuei como consultora para práticas e soluções em saneamento ecológico na Fértil - Projetos Socioambientais. Lecionei na Escola Municipal Prefeito João Lyra em Caruaru-PE. Graduada em Engenharia de Recursos Hídricos e do Meio Ambiente pela Universidade Federal Fluminense (2017) com período sanduíche na Université de Limoges, França (2014-2015), através do programa Ciências sem Fronteiras. Integrante do projeto de extensão Ecorráuze (2014 a 2018) e bolsista em 2017. Diretora acadêmica da primeira gestão do Diretório Acadêmico de Engenharia Ambiental - DEAMB/UFF (2014).

Gustavo Pontual Machado, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professor adjunto do Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social (NIDES/UFRJ), doPrograma de Pós-Graduação de Tecnologia para o Desenvolvimento Social (PPGTDS). Coordenador do Programa de Pós-Graduação de Tecnologia para o Desenvolvimento Social (PPGTDS) e do Projeto de Extensão MUDA - CTS (MUDA - Agroecologia e Permacultura: Centrode Tecnologias Sociais), que atua no campo da agroecologia com Laboratórios Vivos no Centro de Tecnologia da UFRJ. Atua com pesquisa no campo do mestrado nas linhas de: Soluções Baseadas na Natureza (SBN), Saneamento Ecológico, Gestão e acesso à água, Tecnologias Sociais, Cuidado e ecologia social. Professor colaborador da da Pós-graduação em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social (EICOS/IP/UFRJ) atuando na linha 1 de Ecologia social, comunidades e sustentabilidade com os temas de ecologia social, sustentabilidade e pesquisa-ação. Docente e participante do colegiado da Pós-Graduação online Educação para Sustentabilidade - Gaia Education da Universidade Federal de Alfenas. Atua no campo das Práticas Integrativas Complementares em Saúde (PICS) e com metodologias colaborativas (Dragon Dreaming e Comunicação Não Violenta CNV).Pós-doc na área de Saúde Pública e Meio Ambiente na ENSP/Fiocruz. Possui graduação em Engenharia Química pela UFRJ, pós-graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental pela UERJ, mestrado em Engenharia Ambiental pela UFRJ e doutor em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social pela UFRJ. Autor do livro SOMOS NATUREZA: Soluções Baseadas na Naturezapara o Desenvolvimento Local (https://www.bambualeditora.com.br/p/somos-natureza/).Atuou como coordenador técnico dos resíduos químicos e perigosos do campi Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) , como Coordenador de Saneamento Ecológico no Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS) junto à FIOTEC/FIOCRUZ e como Pesquisador do Projeto Condições Sanitárias, socioambientais e de saúde, Termo de Execução Descentralizada -TED entre a Funasa e Fiocruz, organizando publicação de Territórios Sustentáveis e Saudáveis (TSS) na área de saúde ambiental (https://repositorio.funasa.gov.br/handle/123456789/681 ) e conduzindo atividades de pesquisa da tecnologia Solução Alternativa de Tratamento de Água com Zeólita (SALTA-z).

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Publicado

2025-06-17

Como Citar

Nicolao, J. N., & Machado, G. P. (2025). Planejando biodigestor em escola na Maré: educação ambiental crítica e tecnologia social. InterAção, 16(1), e90258. https://doi.org/10.5902/2357797590258