Mecanismos de difusão política da Organização Mundial da Saúde sobre Medicina Tradicional e Complementar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2357797588035

Palavras-chave:

Organizações internacionais, Organização Mundial da Saúde, Cooperação internacional, Práticas integrativas em saúde

Resumo

Este trabalho discute o papel da Organização Mundial da Saúde (OMS) em relação às práticas tradicionais e complementares de cuidados. Conhecidas no Brasil como Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), são sistemas e recursos de tratamento fundamentadas em conhecimentos tradicionais ou não convencionais para o cuidado multidimensional - físico, emocional e espiritual - das necessidades de cada indivíduo. A OMS, estabelecida em 1948 como uma organização internacional governamental especializada, do âmbito das Nações Unidas, tem contribuído para a cooperação internacional sobre questões de saúde e o tema faz parte das suas discussões desde o final dos anos sessenta. Nesse contexto, a pergunta que orienta a pesquisa é: quais mecanismos de difusão política têm sido adotados pela OMS, quanto à medicina tradicional e complementar? Por mecanismos de difusão, entende-se instrumentos adotados por um agente, com potencial para influenciar políticas de agentes em outras jurisdições. A pesquisa foi desenvolvida por meio da abordagem qualitativa, com consulta a fontes primárias e secundárias e tem finalidade analítico-descritiva. O estudo permite considerar que a OMS tem adotado mecanismos de difusão política brandos, com ênfase no aprendizado e socialização, disseminação de conhecimentos técnico-científicos e compartilhamento de boas práticas para superação dos desafios político-institucionais relacionados à temática. A função de coordenação se evidencia pelos levantamentos exploratórios dos progressos realizados para a implementação, dos desafios quanto à adoção nos sistemas de saúde dos Estados-membros, bem como, pelo recente estabelecimento do Centro Mundial de Medicina Tradicional da OMS.

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Biografia do Autor

Kelen de Morais Cerqueira, Universidade Federal de Pelotas

Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel).  Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Especialista em Saúde Pública pela Universidade Católica de Pelotas (UCPEL).  Atua como médica em Atenção Primária à Saúde desde 2004. Atualmente é preceptora de alunos da graduação do curso de Medicina e de médicos residentes do Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).  Coordena o Programa Multidisciplinar de Práticas Integrativas e Complementares da UFPel e o Projeto Multidisciplinar de Práticas Integrativas e Complementares da UBS Areal Leste. 

Silvana Schimanski, Universidade Federal de Pelotas

Docente e Pesquisadora vinculada ao Curso de Relações Internacionais e ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFPel. Doutora em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UNB), com período de Estágio Doutoral no Instituto de Altos Estudos  Internacionais e do Desenvolvimento (IHEID), em Genebra-Suiça. Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Negociações Internacionais (Genint). 

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Publicado

2024-11-05

Como Citar

Cerqueira, K. de M., & Schimanski, S. (2024). Mecanismos de difusão política da Organização Mundial da Saúde sobre Medicina Tradicional e Complementar. Revista InterAção, 15(3), e88035 . https://doi.org/10.5902/2357797588035