Editoras Mulheres Progressistas no Brasil e na Argentina: reflexões sobre a Boitempo e a Marea Editorial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2763938X70459

Palavras-chave:

Editoras independentes, Edição, Gênero e edição, Mulheres

Resumo

Neste artigo, iremos apresentar um breve histórico editorial de mulheres editoras invisibilizadas na Argentina e no Brasil, e ressaltar o papel simbólico que Ivana Jinkings (Brasil) e Constanza Brunet (Argentina), criadoras e gestoras da Boitempo Editorial (Brasil) e Marea Editorial (Argentina) refletem no campo editorial progressista atualmente. Trazemos essa discussão, sobretudo, para se pensar as mulheres atuantes no mercado editorial, inúmeras vezes silenciadas, pois sabemos de um histórico editorial que retrata, majoritariamente, a trajetória de editores homens. No entanto, essas editoras aqui apresentadas, por exemplo, comandam as maiores casas editoriais ditas independentes e progressistas nesses países; elas editam e marcam diferentes posições no “campo editorial” (BOURDIEU, 2004). A partir de entrevistas semiestruturadas realizadas com elas e analisando o discurso autobiográfico, nossa pergunta é: o que essas mulheres projetam de si no sentido privado/público por meio de suas narrativas e do catálogo de suas editoras? Acreditamos, a priori, que os produtos editoriais finais são uma das facetas, uma edição de si por meio de um ethos institucional (AMOSSY; MAINGUENEAU, 2008), da extimidade (PAVEAU, 2020), isto é, uma validação de si, daquilo que as editoras editam de si mesmas por meio de suas narrativas de vida.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Letícia Santana Gomes, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET-MG

Doutoranda e Mestre em Estudos de Linguagens pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), onde também se bacharelou em Letras (Tecnologias de Edição), é também licenciada em Letras - Língua Portuguesa. É pesquisadora e integrante do Centro de Apoio a Pesquisas Sobre Televisão (CAPTE) e do grupo de pesquisas Narrar-se. Desenvolve pesquisas em Análise do Discurso, com ênfase em Narrativas de Vida. Tem experiência de estudos sobre mercado editorial, com destaque aos(às) editores(as) independentes. Foi bolsista de Iniciação Científica pelo CNPq e pela Fapemig e bolsista CAPES durante o Mestrado. Fez estágio docente na disciplina Processos de Edição I no curso de Letras (Tecnologias de Edição) do CEFET-MG em 2018, cumprindo o estágio doutoral. Atualmente, é pesquisadora e bolsista do CEFET-MG.

Giani David, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET-MG

Doutora em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (2005). Realizou Estágio Doutoral na Université de Paris XIII (2001). Atualmente é professora do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) onde atua como membro permanente do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Estudos de Linguagens e como professora do Curso de graduação em Letras e do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Análise do Discurso, atuando principalmente com os seguintes temas: análise do discurso, mídia, linguagem televisiva, informação televisiva, indexação e recuperação de informação audiovisual, semiótica e análise dos efeitos de sentido em discursos audiovisuais, discurso político e análise de processos de edição em narrativas audiovisuais. Atuou como Diretora de Extensão e Desenvolvimento Comunitário do CEFET-MG (2015-2019) e atua como Diretora Adjunta de Graduação -CEFET-MG (gestão 2019-2023). (Texto informado pelo autor)

Referências

AMOSSY, Ruth (Org). Imagem de si no discurso: a construção do ethos. São Paulo: Contexto, 2005.

BOTTO, Malena. 1990-2010: concentración, polarización y después. In: DE DIEGO, José Luis. Editores y políticas editoriales en Argentina (1880-2010). Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2014. p. 1-29.

BOURDIEU, Pierre. Una revolución conservadora en la edición. In: Intelectuales, política y poder. Eudeba: Buenos Aires, 2014.

BRAGANÇA, Aníbal. Sobre o editor. Em Questão, Porto Alegre, v. 11, n. 2, p. 219-237, jul./dez. 2015. Disponível em: <https://goo.gl/ktFHsc>. Acesso em: 7 jul. 2020.

DE DIEGO, José Luis. Los autores no escriben libros. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Ampersand, 2019.

GARONE GRAVIER, Marina. Los catálogos editoriales como fuentes para el estudio de la bibliografía y la historia de la edición. El caso del Fondo de Cultura Económica. Palabra Clave (La Plata), 9(2), e085. Disponível em: < https://www.palabraclave.fahce.unlp.edu.ar/article/download/PCe085/12063?inline=1>. Acesso em: 10 set. 2020.

GODOI, Rodrigo Camargo. Um editor no Império: Francisco de Paula Brito (1809-1861). Tese (Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Campinas, SP, 2014. 106f.

MACHADO, Ida Lucia. Reflexões sobre uma corrente da análise do discurso e sua aplicação em narrativas de vida. Coimbra: Grácio Editor, 2016.

MAINGUENEAU, Dominique. A propósito do ethos. In: MOTTA, Ana Raquel; SALGADO, Luciana (Orgs.). Ethos discursivo. São Paulo: Contexto, 2008. p. 11-25.

MALUMIAN, Hernan; WINNE, Victor Lopz. Independientes ¿de qué? Hablan los editores de América Latina. Ciudad de México: Fondo de Cultura Económica, 2016, 156p.

MARQUES NETO, Leonardo. 100 nomes da edição no Brasil. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2020, 368p.

MUNIZ Jr., José de Souza. “O editor como (mediador) intelectual e o espaço editorial como ilusão de óptica: apontamentos teórico-metodológicos”. Anais do 42º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Belém - PA – 2 a 7/09/2019. Disponível em: <https://portalintercom.org.br/anais/nacional2019/resumos/R14-0068-1.pdf>. Acesso em: 14 set. 2020.

MUNIZ JR., José de Souza. Retrato do editor quando jovem. Intercom – 39 Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Anais... Rio de Janeiro, RJ, 2015.

NOORDA, Rachel. The Discourse and Value of Being an Independent Publisher. Erudit. Disponível em: <https://www.erudit.org/en/journals/memoires/2019-v10-n2-memoires04677/1060971ar/>. Acesso em: 6 jul. 2020.

PAVEAU, Marie-Anne. Análise do discurso digital: dicionário das formas e das práticas. Tradução Julia Lourenço e Roberto Baronas (org.). Campinas : Pontes Editores, 2021.

RIBEIRO, A. E. “O apagamento das mulheres editoras”. In: Itinerários, Araraquara, n. 47, p. 229-232, jul./dez, 2018.

RIBEIRO, A. E. “Editoriales y editoras en Brasil hoy. Dos casos contemporáneos: Chão da Feira y Relicário”, Lectora, 25: 227-240. ISSN: 1136-5781 D.O.I.: 10.1344/Lectora 2019.25.14, 2019.

RIBEIRO, A. E. “Boitempo editorial e Ivana Jinkings: um quarto de século de uma editora de esquerda no Brasil”. Pontos de Interrogação, v. 9, n. 1, jan.-jun., p. 201-226. Thompson, J. B. (2013). Mercadores de cultura. São Paulo: Editora Unesp, 2019.

SZPILBARG, Daniela. “Armas cargadas de futuro: hacia una historia feminista de la edición en Argentina”. Malisia, La Plata, n. 5, Dossier “Mujeres y Edición”, p. 15-29, 2018.

Thompson, J. B. Mercadores de cultura. São Paulo: Editora Unesp, 2013.

Downloads

Publicado

2023-07-26

Como Citar

Santana Gomes, L., & David Silva, G. (2023). Editoras Mulheres Progressistas no Brasil e na Argentina: reflexões sobre a Boitempo e a Marea Editorial. Gutenberg - Revista De Produção Editorial, 3(1). https://doi.org/10.5902/2763938X70459