REFLEXÕES SOBRE A HIPERSPECIALIZAÇÃO CIENTIFICA E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA A GEOGRAFIA

Authors

DOI:

https://doi.org/10.5902/2236499425828

Abstract

Este artigo visa discutir o contexto histórico e filosófico responsável pela origem do conceito que Edgar Morin define em sua obra A cabeça bem–feita: repensar a reforma, reformar o pensamento como, a "hiperspecialização" da análise científica, ou em outras palavras, a especialização que se fecha em si mesma, que fragmenta a realidade e que impede o pesquisador de conceber o global. Considerou-se como premissa que a origem desta segregação analítica advém das formas de pensamento oriundas da supervalorização da razão humana. Para análise desta conjectura foram considerados dois pensadores: René Descartes e Isaac Newton. Apresentaremos também algumas reflexões sobre a problemática da hiperespecialização científica na análise geográfica, principalmente no que tange a hiperespecialização organizada em torno da matemática/geometria, uma vez que a Geografia, devido a seu objeto de estudo (relação homem-sociedade/natureza), possui sua construção epistemológica pautada em questionamentos complexos e até mesmo subjetivos, ou seja, situações que demandam formas de análise multidimensionais, e que portanto, não apresentam coesão quando demasiadamente fragmentadas. Neste bojo, considera-se que a atuação de profissionais hiperespecializados (tanto licenciados como bacharéis) tem diluído a unidade da Geografia enquanto ciência voltada a uma compreensão ampla da realidade social. 

Palavras-chave: História da Ciência, hiperespecialização, epistemologia da Geografia

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biographies

Francisco de Assis Gonçalves Junior, Universidade Federal de Mato Grosso

Docente no Departamento de Geografia - UFMT

Thamires Cristine Corrêa, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT

Mestranda no Programa de Pós Graduação em Geografia - UFMT - Cuiabá/MT

References

BAUAB, Fabrício Pedroso. Da Geografia Medieval às origens da Geografia Moderna: contrastes entre diferentes noções de Natureza, Espaço e Tempo. 2005. Tese (Doutorado em Geografia) - Programa de Pós Graduação em Geografia, UNESP, Presidente Prudente - SP.

BAUAB, Fabrício Pedroso. "A Geografia Geral (1650) de Bernhardus Varenius: a modernidade da obra". RA'E GA, v. 23, p. 191-220, 2011.

CAVALCANTI, Lana de Souza. A formação profissional em Geografia. In: I Encontro de Didática e Prática de Ensino (I EDIPE), 2003, Goiania. Anais de evento.

DESCARTES, René. Discurso do método. Porto Alegre: L&PM, 2011.

FONSECA, Fernanda Padovesi; OLIVA, Jaime Tadeu. "A Geografia e suas linguagens, o caso da cartografia". In. CARLOS, Ana Fani Alessandri (Org.). A Geografia na Sala de Aula. 3 ed. São Paulo: Contexto, 2001

GIROTTO, Eduardo Donizeti.; SANTOS, David Augusto. "Daquilo que não falamos na Geografia: repensando a formação inicial do professor de Geografia da educação básica". Revista de Geografia - UFPE, V.27, nº. 1, p.82-93, 2010.

GUEDES, Jociel de Alencar. A crise da ciência moderna e a busca de uma superação. GeoTemas - UERN V.2, nº.2, p. 121-130, 2012.

HARVEY, David. Social justice and the city. Londres: Edward Arnold e Baltimore: John Hopkins University Press, 1973.

LOURES, Marcus Vinícius Russo. "As bases teológico-experimentais do espaço absoluto de Newton". PERI – Revista de Filosofia, UFSC. v.02, n. 02, p. 1527, 2010.

MARTINS, Élvio Rodrigues. "O pensamento geográfico é Geografia em pensamento?" GEOgraphia, V.18, nº 37, p.61-79, 2016.

MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014.

MOREIRA, Ruy. Pensar e ser em Geografia. São Paulo: Contexto, 2007.

SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as ciências. São Paulo: Cortez, 2008.

SILVA, Armando Corrêa da. De quem é o pedaço? espaço e cultura. São Paulo: Hucitec, 1986.

SOUZA, Maria Adélia de. "As humanidades e a universidade: crise e futuro". Biblos - Revista da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. nº.1 3ª série, p.31-56, 2015.

SUERTEGARAY, Dirce Maria Antunes. "Espaço geográfico uno e múltiplo". Scripta Nova - Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales, Universidad de Barcelona, nº 93, 2001.

THOMAS, Keith. O homem e o mundo natural: mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais (1500-1800). São Paulo: Companhia das Letras, 1988.

Published

2017-12-29

How to Cite

Gonçalves Junior, F. de A., & Corrêa, T. C. (2017). REFLEXÕES SOBRE A HIPERSPECIALIZAÇÃO CIENTIFICA E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA A GEOGRAFIA. Geografia Ensino & Pesquisa, 21(3), 87–97. https://doi.org/10.5902/2236499425828