Júri simulado no ensino de Geografia: estratégia para uma educação antirracista
DOI:
https://doi.org/10.5902/2236499486753Palavras-chave:
Ensino de Geografia, Educação antirracista, Júri simuladoResumo
A sociedade brasileira é marcada por um racismo estrutural. Resultado de séculos de colonialismo e de escravidão, o Brasil possui desigualdade racial evidente. Para superar tais desigualdades, nas últimas décadas, surgiram propostas de igualdade e de justiça, numa postura antirracista. Entre elas, está a lei das africanidades, que garante o ensino da história e da cultura afro-brasileira, propondo pensar as relações étnicas-raciais na educação. Diante disso, este artigo propõe o júri simulado a respeito das terras quilombolas como estratégia de educação antirracista. Desse modo, ele é composto por uma discussão teórica a respeito das relações étnico-raciais no ensino de Geografia e do júri simulado como metodologia ativa, bem como apresenta um relato de uma prática educativa numa escola de Ensino Médio. Pensado como uma metodologia ativa, o júri simulado propicia o diálogo com o diverso, o aprofundamento do vocabulário geográfico, o desenvolvimento de argumentação e estimula a pesquisa, entre outras habilidades essenciais para o raciocínio geográfico. Conclui-se que, pensado com um projeto, o júri simulado é uma prática emancipatória que favorece discussões de cunho geográfico que auxiliam a romper com concepções e representações racistas.
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