A escrita literária e o fazer romanesco nas crônicas de António Lobo Antunes: reflexões do escritor figurado
DOI:
https://doi.org/10.5902/2179219470869Palavras-chave:
Figuração, Poética, Romance, Crônica, AutoriaResumo
O artigo objetiva analisar de que modo António Lobo Antunes, ao se representar como escritor na tessitura de suas crônicas, reflete sobre a escrita literária e o fazer romanesco. Consideramos a possibilidade de as crônicas se configurarem para o autor como um laboratório de escrita para os seus romances e, também, um espaço de reflexão, construção e espelhamento daquilo que considera ser a arte de escrever. O corpus compreende as crônicas publicadas nos dois primeiros livros do gênero: Livro de crónicas (1998) e Segundo livro de crónicas (2002). Inicialmente, realiza-se uma discussão acerca das especificidades do gênero e das principais características de escritura cronística de Antunes; em seguida, procede-se a uma revisão dos pressupostos teóricos concernentes à questão da autoria e sua representação, junto a uma breve análise do corpus. Evidencia-se, nas crônicas, a recorrente aparição da figura do escritor e um movimento desta em enunciar juízos e expressar opiniões sobre a escrita literária e o gênero romance em específico.
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