NOSSAS LÍNGUAS SÃO CRIOULAS OU "A" LÍNGUA NÃO HÁ: MITO? VERDADE? OU INTERPRETAÇÃO?

Autores

  • Luiza Katia Castello Branco Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre, MG

DOI:

https://doi.org/10.5902/2179219433708

Palavras-chave:

análise de discurso – língua crioula – sociolinguística – espaço – sentido

Resumo

Compreendemos mito e verdade como interpretação, isto é, discurso, aqui definido como efeito de sentido entre interlocutores (Pêcheux, 1997). A partir do tema proposto neste número, refletimos discursivamente sobre o conceito de língua crioula pelas relações entre línguas no espaço simbólico de Cabo Verde, país membro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Questionamos o modo como a sociolinguística, ao conceituar língua crioula, atualiza a memória do mito da língua de origem, pura, e significa como variação linguística as diferentes materialidades das línguas cabo-verdiana e portuguesa, silenciando, neste espaço, o político constitutivo da tensa e incontornável relação unidade/diversidade.

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Biografia do Autor

Luiza Katia Castello Branco, Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre, MG

Pesquisadora docente do Programa de Pós-graduação em Ciências da Linguagem na UNIVÁS - Pouso Alegre-MG

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Publicado

2019-02-26

Como Citar

Branco, L. K. C. (2019). NOSSAS LÍNGUAS SÃO CRIOULAS OU "A" LÍNGUA NÃO HÁ: MITO? VERDADE? OU INTERPRETAÇÃO?. Fragmentum, (52), 141–164. https://doi.org/10.5902/2179219433708