Uma microfísica do tempo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2179219486948

Palavras-chave:

Distâncias discursivas, Intertemporalidade, Interespacialidade

Resumo

Neste texto, apresentamos alguns gestos de leitura sobre a problemática do tempo-espaço dos discursos formulados em nossa tese de doutorado Gestos do arquivo no Sul Metafórico: da língua do(s) direito(s) LGBTQIA+. Lemos como, de uma vez, o tempo é recortado pelo discurso do Curso de Linguística Geral entre duas ordens, o estático e o dinâmico, sendo essa última instância excluída dos limites de seu domínio de objetividade. Criando dificuldades para a linguística em sua emergência; marcando o estado momentâneo das determinações da língua, compreendidas em razão da contemporaneidade de seus valores; suturando o (tempo) invisível como cadeia de acontecimentos (causalidade) em oposição (absoluta) ao tempo visível, reconhecido/percebido pela consciência dos falantes; emprestando o caráter de em si (assistemático) aos fatos diacrônicos; o discurso do CGL, em nossa interpretação, divide o Tempo entre um tempo fora da língua, resto não teorizado, identificável a um passado diacrônico que condiciona e se opõe ao tempo da língua como um presente sincrônico. Articulamos possibilidades de passagem daquele ao tempo, digamos, presente em seus efeitos, ou, mais estritamente formulado, do presente constitutivo (interdiscursivo).

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Biografia do Autor

Iago Moura Melo, Universidade Estadual de Santa Cruz

Doutorando em Letras pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Mestre em Letras (UESC). Bacharel em Direito (UESC) e Advogado (OAB/BA). É membro do Grupo de Estudos Discursivos (GED/UESC), do Grupo de Estudos Pecheutianos (GEP) e do Coletivo Contradit (Coletivo de Trabalho - Discurso e Transformação).

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Publicado

2024-11-30

Como Citar

Melo, I. M. (2024). Uma microfísica do tempo. Fragmentum, (63), 110–123. https://doi.org/10.5902/2179219486948