A escrita literária e o fazer romanesco nas crônicas de António Lobo Antunes: reflexões do escritor figurado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2179219470869

Palavras-chave:

Figuração, Poética, Romance, Crônica, Autoria

Resumo

O artigo objetiva analisar de que modo António Lobo Antunes, ao se representar como escritor na tessitura de suas crônicas, reflete sobre a escrita literária e o fazer romanesco. Consideramos a possibilidade de as crônicas se configurarem para o autor como um laboratório de escrita para os seus romances e, também, um espaço de reflexão, construção e espelhamento daquilo que considera ser a arte de escrever. O corpus compreende as crônicas publicadas nos dois primeiros livros do gênero: Livro de crónicas (1998) e Segundo livro de crónicas (2002). Inicialmente, realiza-se uma discussão acerca das especificidades do gênero e das principais características de escritura cronística de Antunes; em seguida, procede-se a uma revisão dos pressupostos teóricos concernentes à questão da autoria e sua representação, junto a uma  breve análise do corpus. Evidencia-se, nas crônicas, a recorrente aparição da figura do escritor e um movimento desta em enunciar juízos e expressar opiniões sobre a escrita literária e o gênero romance em específico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Thaís Moreira de Oliveira, Universidade Federal de São Paulo

Mestranda em Estudos Literários no Programa de Pós Graduação em Letras da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Professora Orientadora da Sala de Leitura na rede municipal de ensino da cidade de São Paulo. Possui licenciatura em Letras (2019), licenciatura em Educação Física (2004).

Luís Fernando Prado Telles, Universidade Federal de São Paulo

Professor de Teoria Literária da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Possui bacharelado e licenciatura em Letras (1997), mestrado (2000) e doutorado (2009) em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Entre os anos de 2013 e 2014 desenvolveu pesquisa de Pós-Doutorado junto ao Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade de São Paulo (USP). Tem experiência de ensino e pesquisa nas áreas de Letras, atuando, principalmente, nos  seguintes temas: teoria da literatura; teoria do romance; teoria da narrativa; narrativa moderna e contemporânea em literaturas de língua portuguesa; o estatuto da narrativa na esfera literária, teórica e na confluência com outras artes e saberes; a literatura como instituição e prática social; os saberes instituídos sobre literatura; as relações de força e de poder no ensino e transmissão das Letras; o campo literário na história dos cursos de Letras no Brasil.

Referências

ANDRADE, Carlos Drummond de. O Poder Ultrajovem e mais 79 Textos em Prosa e Verso. Rio de Janeiro, José Olympio, 1972, p. 50.

ANTUNES, António. L. Conselho de amigo. Público, Lisboa, n.36, 26 jan. 1997.

ANTUNES, António L. Livro de crônicas. 10 ed. Lisboa: Dom Quixote, 2016.

ANTUNES, António L. Segundo livro de crónicas. 2 ed. Lisboa: Dom quixote, 2007.

ARNAUT, Ana Paula. Entrevistas com António Lobo Antunes. 1979-2007. Confissões do Trapeiro. Coimbra, Almedina, 2008.

AZEVEDO, Luciene; CAPAVERDE, Tatiana. Apresentação: modos de pensar a autoria. In: AZEVEDO, Luciene; CAPAVERDE, Tatiana.(Orgs.). Escrita não criativa e autoria. Editora e-galáxia. Formato digital, 2018. p.5-9.

BARTHES, Roland. A morte do autor. In: O rumor da língua. Tradução de Mario Laranjeira. São Paulo: Martins Fontes, 2004. p. 57-64.

BARTHES, Roland. A Câmara clara: nota sobre a fotografia. Tradução de Júlio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

BECKER, Caroline V. António Lobo Antunes cronista: entre escritas de si e figurações de personagem. 2013. 115 f. Dissertação (Mestrado em Teoria Literária) – Programa de Pós Graduação em Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.

BENVENISTE, Émile. Da subjetividade da linguagem. In: Problemas de linguística geral I. Tradução de Maria da Glória Novak, Maria Luísa Neri. 4 ed. Campinas, SP: Pontes, 1995. p. 284-293.

BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: AMADO, Janaína; FERREIRA, Marieta de Moraes (Org.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora da FGV, 1996. p. 184

CANDIDO, Antonio. A vida ao rés-do-chão. In: ANDRADE, C. D. et al. Para gostar de ler: crônicas. São Paulo: Ática, 1979. p. 13-22.

COSSON, Rildo. A fronteira dos gêneros e os gêneros como fronteiras. Traduzir-se. Revista do curso de Letras da FEUC, vol. 3, n.4, 2017, p.1-7.

COMPAGNON, Antoine. O trabalho da citação. Tradução de Cleonice P. B. Mourão. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1996.

COMPAGNON, Antoine. O autor. In: O demônio da teoria: literatura e senso comum. Tradução de Cleonice Paes Barreto Mourão, Consuelo Fortes Santiago. 2 ed. Belo Horizonte: UFMG, 2010. p. 47-94.

GAGLIARDI, Caio. O problema da autoria na teoria literária: apagamentos, retomadas e revisões. Estudos Avançados, São Paulo, v. 24, n. 69, p. 285-299, jan. 2010. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/eav/article/view/10526>. Acesso em: 30 out. 2016.

FOUCAULT, Michael. O que é um autor? In: MOTTA, Manoel de Barros (Org.). Ditos e escritos. vol. III - Estética: Literatura e Pintura, Música e Cinema. Tradução de Inês Autran Dourado Barbosa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2015. p. 264-298.

FOUCAULT, Michael. A escrita de si. In: MOTTA, Manoel de Barros (Org.). Ditos e escritos. vol. V - Ética, sexualidade e política. Tradução de Elisa Monteiro e Inês Autran Dourado Barbosa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004. p. 144-162.

GENETTE, Gérard. Fronteiras da narrativa. In: BARTHES, Roland. (Org.). Análise estrutural da narrativa: pesquisas semiológicas. Tradução de Maria Zélia Barbosa. 7 ed. Petrópolis: Vozes, 2011. p. 265-284.

GENETTE. Gérard. Discurso da narrativa. Tradução de Fernando Cabral Martins. 3 ed. Lisboa: Vega, 1995.

LIMA, Luís Costa. A questão dos gêneros. In: Teoria da literatura em suas fontes, vol. 1, 3 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 253-292.

MOISÉS, Massaud. A crônica. In: A criação literária: prosa 2. São Paulo: Cultrix, 1982. p. 101-120.

NAVAS, Diana. O escritor imaginário em António Lobo Antunes: encenações da escrita e autorrepresentação. Interdisciplinar-Revista de Estudos em Língua e Literatura. São Cristóvão: UFS, v. 26, set.-dez., p. 151-166, 2016.

PERLOFF, Marjorie. (Ed.). Postmodern Genres. Norman: University of Oklahoma Press, 1989.

REIS, Carlos. Uma casa de onde se vê o rio. In: CABRAL, Eunice; JORGE, Carlos J. F.; ZURBACH, Christine (Org.). A escrita e o mundo em António Lobo Antunes: Actas do Colóquio Internacional de António Lobo Antunes. Lisboa: Dom Quixote, 2004. p. 19-33.

REIS, Carlos. Figuração. Figuras da ficção, 2013. Disponível em: https://figurasdaficcao.wordpress.com/2013/08/02/figuracao-2/. Acesso em: 5 fev. 2020.

REIS, Carlos. Para uma teoria da figuração. Sobrevidas da personagem ou um conceito em movimento. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 52, n. 2, p. 129-136, abr.- jun. 2017. DOI: https://doi.org/10.15448/1984-7726.2017.2.29161

REIS, Carlos. Os domingos cinzentos de António Lobo Antunes. Portuguese & Lieterary Studies. 19/20. University of Massachusetts Dartmouth, 2011. p. 305-319.

SEIXO, Maria Alzira. Os Romances de António Lobo Antunes. Lisboa: Dom Quixote, 2002.

TELLES, Luís Fernando Prado. Nas trilhas do Lobo. Novos estudos. CEBRAP, n. 83, mar. 2009. p. 219-235. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-33002009000100014.

TELLES, Luís Fernando Prado; OLIVEIRA, Thais Moreira de. Figurações do autor nas crônicas de António Lobo Antunes. Contexto. Revista de Pós-graduação em Letras da Universidade do Espírito Santo, Vitória, n. 38, 2020/2, p. 461-491.

TODOROV, Tzvetan. 2019. Os gêneros do discurso. Tradução de Nícia Adan Bonatti. São Paulo: Editora UNESP Digital, 2019.

Downloads

Publicado

2024-03-08

Como Citar

Oliveira, T. M. de, & Telles, L. F. P. (2024). A escrita literária e o fazer romanesco nas crônicas de António Lobo Antunes: reflexões do escritor figurado. Fragmentum, (60). https://doi.org/10.5902/2179219470869