Análise dos efeitos da financeirização sobre a fragilidadade das Empresas Não Financeiras no Brasil (2010-2020)
DOI:
https://doi.org/10.5902/1414650989280Palavras-chave:
Financeirização, Fragilidade financeira, Empresas não financeiras, Economia brasileiraResumo
O presente artigo examina os efeitos da financeirização sobre a fragilidade das empresas não financeiras (ENFs) no contexto da economia brasileira, especialmente após o ciclo expansivo de 2003 a 2008. Durante esse período, a economia brasileira experimentou um crescimento significativo, impulsionado por fatores externos, como a elevada liquidez internacional, e internos, como a valorização do salário real e a expansão do crédito ao consumidor. Esses elementos estimularam o comércio doméstico e favoreceram os investimentos empresariais, resultando em uma alteração no padrão de financiamento, com uma crescente dependência do capital externo. Entretanto, a crise financeira internacional de 2008 trouxe à tona a fragilidade financeira das ENFs, exacerbando o endividamento acumulado. A análise revela que, desde 2010, o nível de endividamento das ENFs tem mostrado uma tendência crescente, com uma parcela significativa das empresas incapaz de honrar seus compromissos financeiros. Essa situação é corroborada pela Hipótese da Fragilidade Financeira de Minsky, que sugere que a fragilidade é uma característica inerente ao funcionamento do sistema financeiro, manifestando-se na predominância de posturas especulativas e Ponzi entre as empresas.
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