Objetos e matéria: em busca de uma possível fotograficidade singular
DOI:
https://doi.org/10.5902/2595523341546Palabras clave:
Fotografia, Arte Contemporânea, Foia móvel, Objetos cotidíanosResumen
Objetos & Matéria compreende uma série de fotografias realizadas com o telefone celular, dispositivo que, usado como meio de realização e busca de uma possível poética dos objetos do cotidiano, por estar sempre à mão, disponibiliza uma proximidade com o objeto da presente pesquisa. Uma experiência que leva a pensar a articulação deste objeto cultural sem arte, na esfera da arte contemporânea. É certo dizer que o telefone celular ocupa um lugar a não ser negligenciado na comunicação e em diversos projetos artísticos atuais. Observamos que sua função primeira, a comunicação pela fala, se comparada a de produção de imagens, é hoje largamente reduzida. A tecnologia digital oferece cada vez mais condições para que o aparelho móvel possa ser usado em diversas aplicações, entre elas, a da criação artística visual. É certo também que o utilizador do dispositivo móvel se confronta com a predeterminação científica de fabricação deste objeto cultural, demandando um entendimento de condição, para que se possa contorná-la e, por conseguinte, obter a fotograficidade desejada para a foto em realização, pois é neste processo que o trabalho é determinante para o resultado esperado. Pensando com Flusser, os objetos culturais foram organizados intencionalmente, e cada um ajusta o olhar do fotógrafo em sua busca. Ainda com Flusser, o fotógrafo se esgueira entre os objetos, para evitar a intenção que neles se esconde, a fim de se emancipar de sua condição cultural. Na tentativa de transmutação dos objetos culturais da vida cotidiana para a cena artística, buscamos caminhos que os revelem mais surpreendentes do que belos. A mise en œuvre que articula os objetos sem arte no campo da arte visa uma articulação de suas realidades, a partir de conteúdos sensíveis que se encontram para além da materialidade que os constitui; esses objetos fotografados comportam algo da vida cotidiana que nos toca e que, de uma maneira ou de outra, nos emociona. Conforme diz Edgar Morin, a fotografia corteja os sentimentos. Clarividente, ela se abre no invisível. Portanto, os objetos vistos, mais do que ver, nos fazem sentir o que a representação exalta visualmente como essência. Traço da realidade, a fotografia resulta de uma excepcional conjunção do real com elementos impalpáveis que emergem do ato de representação que a faz singular.Descargas
Citas
FLUSSER, Vilém. Pour une philosophie de la photographie, Belval, Editions Circé, 1996, p. 35.
MORIN, Edgar. Le cinéma ou l’homme imaginaire, Paris, Les Editions de Minuit, 1957, p. 40.
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