DURAÇÃO DA FASE DE MUDAS EM EUCALIPTO SIMULADA EM CENÁRIOS DE AUMENTO DE TEMPERATURA

Autores

  • Daniele Barbosa da Costa
  • Nereu Augusto Streck

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509833378

Palavras-chave:

aquecimento global, silvicultura, desenvolvimento vegetal, riscos climáticos.

Resumo

A mudança climática é um tema atual em debates científicos e de interesse na área florestal, porém, estudos da vulnerabilidade de espécies florestais cultivadas às mudanças climáticas são escassos. O objetivo deste trabalho foi simular a duração da fase de mudas de duas espécies de eucalipto (Eucalyptus saligna e Eucalyptus grandis) em cenários de aumento de temperatura do ar em Santa Maria-RS, considerando várias datas de emergência. A fase de mudas foi considerada da emergência das plântulas até o aparecimento da 25ª folha na haste principal. A taxa de aparecimento de folhas diária (TAF) foi estimada através de um modelo multiplicativo com uma função de resposta não linear da TAF à temperatura média do ar, com coeficientes para as espécies Eucalyptus saligna e Eucalyptus grandis. Foram considerados doze datas de emergência (dia 15 de cada mês do ano) e seis cenários climáticos (atual, +1°C, +2°C, +3°C, + 4°C, +5°C). Os cenários climáticos constituem-se séries sintéticas de cem anos de dados de temperatura mínima e máxima diária do ar. Em cada um dos anos dos cenários climáticos e em cada data de emergência, o modelo de TAF para cada espécie foi rodado e contabilizado o número de dias da emergência até o aparecimento da 25ª folha. A análise estatística constou de análise de variância para a variável duração da fase de mudas, considerando um experimento tri-fatorial 6 x 12 x 2 (cenários climáticos x datas de emergência x espécies), em delineamento inteiramente casualizado, sendo cada ano da simulação uma repetição (n=100). Os resultados indicaram uma diminuição na duração da fase de mudas em cenários climáticos mais quentes nas emergências ocorridas de março a setembro, e um aumento na duração nas emergências de outubro a fevereiro e, ao final de um ano, o aumento de temperatura tende a diminuir o tempo de mudas no viveiro e assim aumentar a produção anual de mudas de eucalipto. Benefícios e desvantagens destes resultados devem ser considerados em políticas de mitigação dos efeitos do aquecimento global na silvicultura.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE FLORESTAS PLANTADAS. Anuário estatístico da ABRAF 2013: ano base 2012. Brasília: ABRAF, 2013. Disponível em: <http://www.ipef.br/estatisticas/relatorios/anuario-ABRAF13-BR.pdf>. Acesso em: 03 jul. 2016.

BAESSO, R. C. E.; RIBEIRO, A.; SILVA, M. P. Impacto das mudanças climáticas na produtividade do eucalipto na região Norte do Espirito Santo e Sul da Bahia. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 20, n. 2, p. 335-344, 2010.

BRADFIELD, R. et al. The origins and evolution of scenario techniques in long range business planning. Futures, Guildford, v. 37, n. 8, p. 795-812, 2005.

EMBRAPA. Sistemas de Produção Embrapa. Cultivo do Eucalipto. 4. ed. Brasília: EMBRAPA, 2014. Disponível em: <https://www.spo.cnptia.embrapa.br/conteudo?p_p_id=conteudoportlet_WAR_sistemasdeproducaolf6_1ga1ceportlet&p_p_lifecycle=0&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-2&p_p_col_count=1&p_r_p_-76293187_sistemaProducaoId=7811&p_r_p_-996514994_topicoId=8509> Acesso em: 03 jul. 2016.

FAGUNDES, J. D. et al. Produtividade simulada de tubérculos de batata em cenários de mudanças climáticas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 45, n. 4, p. 351-360, 2010.

HODGES, T. F. Predicting crop phenology. Boca Raton: CRC, 1991. 233 p.

INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE. Climate change 2007: the physical Science Basis – Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. United Kingdom; New York: Cambridge University, 2007. 989 p.

KUINCHTNER, A.; BURIOL, G. A. Clima do Estado do Rio Grande do Sul segundo a classificação climática de Köppen e Thornthwaite. Disciplinarum Scientia. Série: Ciências Exatas, Santa Maria, v. 2, n. 1, p. 171-182, 2001.

KUINCHTNER, A.; SIMÕES, J. C.; BURIOL, G. A. Variabilidade da temperatura atmosférica superficial do Planalto Meridional-riograndense. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Piracicaba, v. 15, n. 3, p. 232-240, 2007.

LAPOLA, D. M.; OYAMA, M. D.; NOBRE, C. A. Exploring the range of climate biome projections for tropical South America: The role of CO2 fertilization and seasonality. Global Biogeochemical Cycles, Washington, v. 23, p. GB3003-16, 2009.

MANN, M. E. et al. Global-scale temperature patterns and climate forcing o seer the past six centuries. Nature, London, v. 392, p. 779-787, 1998.

MANN, M. E. et al. Northern Hemisphere temperatures during the past millenium: inferences, uneertainities, and limitations. Geophysical Research Letters, Washington, v. 26, n. 6, p. 759-762, 1999.

MARENGO, J. A.; CAMARGO, C. C. Surface air temperature trends in Southern Brazil for 1960–2002. International Journal of Climatology, Chichester, v. 28, p. 893-904, 2008.

MARTINS, F. B.; STRECK, N. A. Aparecimento de folhas em mudas de eucalipto estimado por dois modelos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 42, n. 8, p. 1091-1100, 2007.

MCINTYRE, S.; MCKITRIC, R. The M&M critique of the MBH98 Northern Hemisphere climate index: update and implications. Energy & Environment, Brentwood, v. 16, n. 1, p. 69-100, 2005.

MOSS, R. H. et al. The next generation of scenarios for climate change research and assessment. Nature, London, v. 463, p. 747-755, 2010.

PEREZ-GARCIA, J. et al. Impacts of climate chance on the global forest sector. Climatic Change, New York, v. 54, n. 4, p. 439-461, 2002.

SALAZAR, L. F.; NOBRE, C. A. Climate change and thresholds of biome shifts in Amazonia. Geophysical Research Letters, Washington, v. 37, p. L17706, 2010.

SALAZAR, L. F.; NOBRE, C. A.; OYAMA, M. D. Climate change consequences on the biome distribution in tropical South America. Geophysical Research Letters, Washington, v. 34, p. L09708, 2007.

SAMPAIO, G. et al. Regional climate change over eastern Amazonia caused by pasture and soybean cropland expansion. Geophysical Research Letters, Washington, v. 34, p. L17709, 2007.

SANSIGOLO, C. A.; KAYANO, M. T. Trends of seasonal maximum and minimum temperatures and precipitation in Southern Brazil for the 1913–2006 period. Theoretical and Applied Climatology, Wien, v. 101, p. 209-216, 2010.

SCURFIELD, G. The effects of temperature and day length on species of Eucalyptus. Australian Journal of Botany, Melbourne, v. 9, p. 37-56, 1961.

SEMENOV, M. A. et al. Comparison of the WGEN and LARS-WG stochastic weather generators for diverse climates. Climate Research, Oldendorf, v. 10, p. 95-107, 1998.

STEINMETZ, S. et al. Aumento da temperatura mínima do ar na região de Pelotas, sua relação com aquecimento global e possíveis conseqüências para o arroz irrigado no Rio Grande do Sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROMETEOROLOGIA, 14., 2005, Campinas. Anais... Campinas: Sociedade Brasileira de Agrometeorologia, 2005. 1 CD-ROM.

STRECK, N. A.; ALBERTO, C. M. Estudo numérico do impacto da mudança climática sobre o rendimento de trigo, soja e milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 41, n. 9, p. 1351-1359, 2006.

STRECK, N. A. et al. Incorporating a chronology response into the prediction of leaf appearance rate in winter wheat. Annals of Botany, London, v. 92, p. 181-190, 2003.

STRECK, N. A. et al. Mudança climática, aquecimento global e agricultura. Santa Maria: CCR; UFSM, 2010. 4 p. (Informe Técnico, 24).

STRECK, N. A. et al. Temperatura mínima de relva em Santa Maria, RS: climatologia, variabilidade interanual e tendência histórica. Bragantia, Campinas, v. 70, n. 3, p. 696-702, 2011.

VAN VUUREN, D. P. et al. Temperature increase of 21st century mitigation scenarios. Proceedings of the National Academy of Science of the USA, Washington, v. 105, p. 15258-15262, 2008.

ZANON, A. J. et al. Impacto de cenários de mudança climática sobre o desenvolvimento foliar na cultura da batata. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, 16., 2010, Belém. Anais... Belém: Sociedade Brasileira de Meteorologia, 2010. 1 CD-ROM.

WALTER, L. C.; ROSA, H. T.; STRECK, N. A. Simulação do rendimento de grãos de arroz irrigado em cenários de mudanças climáticas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 45, n. 11, p. 1237-1245, 2010.

WANG, E.; ENGEL, T. Simulation of phenological development of wheat crops. Agricultural Systems, Essex, v. 58, p. 1-24, 1998.

Downloads

Publicado

01-10-2018

Como Citar

Costa, D. B. da, & Streck, N. A. (2018). DURAÇÃO DA FASE DE MUDAS EM EUCALIPTO SIMULADA EM CENÁRIOS DE AUMENTO DE TEMPERATURA. Ciência Florestal, 28(3), 1263–1270. https://doi.org/10.5902/1980509833378

Edição

Seção

Nota Técnica