Anatomia ecológica foliar de <i>Myrcia guianensis</i> (Aubl.) DC. na Restinga Cearense
DOI:
https://doi.org/10.5902/1980509830997Palavras-chave:
Myrtaceae, Mapirunga, Sazonalidade, LuminosidadeResumo
A anatomia foliar ecológica do gênero Myrcia DC. ainda é pouco estudada. A espécie Myrcia guianensis (Aubl.) DC., popularmente conhecida como mapirunga, ocorre em região de litoral no estado do Ceará e possui importância ecológica e potencial medicinal. Objetivou-se caracterizar a anatomia foliar ecológica dessa espécie nas estações de chuva e seca, bem como, ao sol e à sombra na Restinga cearense. Para isso, foram realizadas coletas no Jardim Botânico de São Gonçalo de folhas totalmente expandidas e fixadas em FAA70, sendo substituído por etanol 70% após 24 horas. Seguiu-se para os procedimentos anatômicos usuais no Laboratório de Ecologia da Universidade Estadual do Ceará, a fim de analisar qualitativamente e quantitativamente as estruturas da lâmina foliar, pecíolo e paradérmico. Como resultados obteve-se a presença de características que contribuem para sua sobrevivência em ambiente de Restinga com períodos de deficit hídrico e alta taxa de luminosidade, tais como: presença de cutícula levemente espessa, folha hipoestomática, aumento da densidade estomática em folhas de sol, presença de fibras abundantes nos feixes vasculares da nervura central e presença de drusas. Portanto, conclui-se que a planta em estudo possui grande capacidade aclimatativa às condições analisadas (intensa luminosidade e períodos de deficit hídrico).
Downloads
Referências
ALMEIDA, E. I. B. et al. Ecofisiologia de mangueiras ‘Tommy Atkins’ submetidas a diferentes regimes hídricos e disponibilidade de luz. Revista Agro@mbiente On-line, Boa Vista, v. 9, n. 3, p. 251-260, 2015.
AMORIM, B. S.; ALVES, M. Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Myrtaceae.Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 62, n. 3, p. 499- 514, 2011.
AMORIM, W.; MELO JÚNIOR, J. C. F. de. Plasticidade morfoanatômica foliar de Tibouchina clavata(Melastomataceae) ocorrente em duas formações de restinga. Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 68, n. 2, p. 545-555, 2017.
ANDRADE, C. R. S.; LAMEIRA, O. A. Padrão de venação de Psychotria ipecacuanha (Brotero) Stokes (Rubiaceae). Revista Trópica – Ciências Agrárias e Biológicas, Chapadinha, v. 9, n. 1, p. 104-110, 2017.
THE BRAZIL FLORA GROUP. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 66, n. 4, p. 1085-1113, 2015.
BOEGER, M. R. T. et al. Variação estrutural foliar de espécies medicinais em consórcio com erva-mate, sob diferentes intensidades luminosas. Floresta, Curitiba, v. 39, n. 1, p. 215-225, 2009.
CASCAES, M. M. et al. Constituents and pharmacological activities of Myrcia (Myrtaceae): a review of an aromatic and medicinal group of plants. International Journal of Molecular Sciences, [s. l.], v. 16, n. 10, p. 23881-23904, 2015.
DARDENGO, J. F. E. et al. Análise da influência luminosa nos aspectos anatômicos de folhas de Theobroma speciosum Willd ex Spreng. (Malvaceae). Ciência Florestal, Santa Maria, v. 27, n. 3, p. 843-851, 2017.
DELUCIA, E. H. et al.Contribution of intercellular reflectance to photosynthesis in shade leaves. Plant, Cell & Environment, Illinois, v. 19, n. 6, p. 159-170, 1996.
DONATO, A. M.; MORRETES, B. L. Anatomia foliar de Eugenia florida DC. (Myrtaceae). Revista Brasileira de Farmacognosia, Curitiba, v. 19, n. 3, p. 759-770, 2009.
DONATO, A. M.; MORRETES, B. L. Morfo-anatomia foliar de Myrcia multiflora (Lam.) DC. – Myrtaceae. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Paulínia, v. 13, n. 1, p. 43-51, 2011.
ESAU, K. Anatomy of seed plants. 2th ed. New York: John Wiley, 1977. 576 p.
ESPOSITO-POLESI, N. P.; RODRIGUES, R. R.; ALMEIDA, M. Anatomia ecológica da folha de Eugenia glazioviana KIAERSK (Myrtaceae). Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 35, n. 2, p. 255-263, 2011.
EVERT, R. F. Anatomia das plantas de Esau: meristemas, células e tecidos do corpo da planta: sua estrutura, função e desenvolvimento. 3. ed. São Paulo: Blucher, 2013. 728 p.
FAHN, A., CUTLER, D. F. Xerophytes. Berlin: Gebüder Borntraeger, 1992. 185 p.
FERREIRA, C. S. et al. Anatomia da lâmina foliar de onze espécies lenhosas dominantes nas savanas de Roraima. Acta Amazonica, Manaus, v. 45, n. 4, p. 337-346, 2015.
FRANCESCHI, V. R.; NAKATA, P. A. Calcium oxalate in plants: formation and function. Annual Review of Plant Biology, Palo Alto, v. 56, p. 41-71, 2005.
FRANKLIN, G. L. Preparation of thin sections of synthetic resins and wood-resin composites and a new macerating method for wood. Nature, Basingstoke, v. 51, n. 1, p. 39-24, 1945.
GOMES, S. M. et al.Anatomia foliar de espécies de Myrtaceae: contribuições à taxonomia e filogenia. Acta Botanica Brasilica, Belo Horizonte, v. 23, n. 1, p. 223-238, 2009.
JENSEN, W. A. Botanical histochemistry: principles and pratices. 1th ed. São Francisco: W. H. Freeman, 1962. 408 p.
JOHANSEN, D. A. Plant Microtechnique. 1th ed. New York: McGraw Hill, 1940. 523 p.
JORGE, L. I. F.; AGUIAR, J. P. L.; SILVA, M. L. P. Anatomia foliar de pedra-hume-caá (Myrcia sphaerocarpa, Myrcia guianensis, Eugenia punicifolia- Myrtaceae. Acta Amazonica, Manaus, v. 30, n. 1, p. 49-57, 2000.
KRAUS, J. E.; ARDUIN, M. Manual básico de métodos em morfologia vegetal. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 1997. 198 p.
LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. 2. ed. São Carlos: Rima, 2001. 531 p.
LAROCCA, D. G. et al. Morfoanatomia de Myrcia splendens (SW.) DC. (Myrtaceae) ocorrente em um encrave de Savana Amazônica. Enciclopédia Biosfera, Goiânia, v. 11, n. 21; p. 2308- 2318, 2015.
LEMOS, V. O. T. et al. Ecological anatomy of Eugenia luschnathiana (O.Berg) Klotzsch ex B.D.Jacks. (Myrtaceae) leaves in the Restinga region, state of Ceara. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 40, n. 5, p. 1-14, 2018.
LUQUE, R.; SOUSA, H. C.; KRAUS, J. E. Métodos de coloração de Roeser (1972) - modificado - e Kropp visando a substituição do azul de astra por azul de alcião GS ou GX. Acta Botanica Brasilica, Belo Horizonte, v. 10, n. 2, p. 199-212, 1996.
MENEZES, N. L.; SILVA, D. C.; PINNA, G. F. A. M. Folha. In: APEZZATO-DA-GLÓRIA, B.; CARMELLO-GUERREIRO, S. M. Anatomia vegetal. 2. ed. Viçosa, MG: UFV, 2006. p. 303-326.
METCALFE, C. R.; CHALK, L. Anatomy of the dicotyledons: systematic anatomy of the leaf and stem. 2nd ed. Claredon: Oxford University Press, 1979. v. 1. 288 p.
MULLER, C.; RIEDERER, M. Plant surface properties in chemical ecology. Journal of Chemical Ecology, Morehead, v. 31, n. 11, p. 2621-2651, 2005.
NIINEMETS, U. Photosynthesis and resource distribution through plant canopies. Plant, Cell & Environment, Wiley, v. 30, n. 9, p. 1052-1071, 2007.
OLIVEIRA, J. D. et al.Rendimento, composição química e atividades antimicrobiana e antioxidante do óleo essencial de folhas de Campomanesia adamantium submetidas a diferentes métodos de secagem. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Campinas, v. 18, n. 2, p. 502-510, 2016.
PACHECO-SILVA, N. V.; DONATO, A. M. Morpho-anatomy of the leaf of Myrciaria glomerata. Revista Brasileira de Farmacognosia, Curitiba, v. 26, n. 1, p. 275-280, 2016.
PAIVA, J. G. A. et al. Verniz vitral incolor 500: uma alternativa de meio de montagem economicamente viável. Acta Botanica Brasilica, Belo Horizonte, v. 20, n. 2, p. 257-264, 2006.
PAULA, J. A. M. et al. Estudo farmacognóstico das folhas de Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) L.R. Landrum – Myrtaceae. Revista Brasileira de Farmacognosia, Curitiba, v. 18, n. 2, p. 265-278, 2008.
RAMOS, L. G. Q.; COTTA, E. A.; FONSECA FILHO, H. D. Análise morfológica das folhas de Anacardium occidentale. Biota Amazônia, Macapá, v.6, n.1, p.16-19, 2016.
RETAMALES, H. A.; SCHERSON, R.; SCHARASCHKIN, T. Foliar micromorphology and anatomy of Ugni molinae Turcz. (Myrtaceae), with particular reference to schizogenous secretory cavities. Revista Chilena de Historia Natural, Santiago, v. 87, n. 27, p. 1-7, 2014.
SÁ, R. D.; SANTANA, A. S. C. O.; RANDAU, K. P. Caracterização anatômica e histoquímica das folhas de Eugenia uniflora L. Journal of Environmental Analysis and Progress, Recife, v. 1, n. 1, p. 96-105, 2016.
SANTOS, J. W. et al.Estatística experimental aplicada. 2. ed. Campina Grande: EMBRAPA Algodão; UFCG, 2008. 461 p.
SILVA, L. M.; ALQUINI, Y.; CAVALLET, V. J. Inter-relações entre a anatomia vegetal e a produção vegetal. Acta Botanica Brasilica, Belo Horizonte, v. 19, n. 1, p. 183-194, 2005.
SIMIONI, P. F. et al.Elucidating adaptive strategies from leaf anatomy: do Amazonian savannas present xeromorphic characteristics? Flora, Freiberg, v. 226, n. 1, p. 38-46, 2017.
SOBRAL, M. et al. Myrtaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico, 2015. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB10699. Acesso em: 16 nov. 2017.
SULTAN, S. E. Phenotypic plasticity for plant development, function and life history. Trends in Plant Science, Middletown, v. 5, n. 12, p. 537-542, 2000.
SULTAN, S. E. Phenotypic plasticity in plants: a case study in ecological development. Evolution & Development, Indiana, v. 5, n. 1, p. 25-33, 2003.
SUTCLIFE, J. F. As plantas e a água. 1. ed. São Paulo: EPU; EDUSP, 1980. 126 p.
VALLADARES, F. et al.Plastic phenotypic response to light of 16 congeneric shrubs from a panamanian rainforest. Ecology, Califórnia, v. 81, n. 7, p. 1925-1936, 2000.
VIEIRA, S. Introdução à bioestatística. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 360 p.
VILE, D. et al. Arabidopsis growth under prolonged high temperature and water deficit: independent or interactive effects? Plant, Cell & Environment, Wiley, v. 35, n. 1, p. 702-718, 2012.
WILLMER, C.; FRICKER, M. Stomata. 2nd ed. Londres: Chapman & Hall, 1996. 392 p.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A CIÊNCIA FLORESTAL se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da lingua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
As provas finais serão enviadas as autoras e aos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista CIÊNCIA FLORESTAL, sendo permitida a reprodução parcial ou total dos trabalhos, desde que a fonte original seja citada.
As opiniões emitidas pelos autores dos trabalhos são de sua exclusiva responsabilidade.