DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E ESTRUTURA POPULACIONAL DE PALMEIRAS (ARECACEAE) EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA OMBRÓFILA DENSA DE TERRAS BAIXAS NO SUL DO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.5902/1980509820577Palavras-chave:
Mata Atlântica, ecologia de populações, umidade do solo, abertura do dossel.Resumo
http://dx.doi.org/10.5902/1980509820577
No Rio Grande do Sul, a Floresta Ombrófila Densa está reduzida a menos de 5% da sua área original, porém, apresenta a maior riqueza de palmeiras do estado, que constituem um grupo importante e economicamente relevante. Aspectos ambientais e demográficos de populações de plantas em remanescentes florestais são de grande importância para o seu manejo e conservação. Nós conduzimos o estudo da distribuição populacional e estrutura etária de cinco espécies de palmeiras em um fragmento florestal no município de Três Cachoeiras, no litoral norte do Rio Grande do Sul. Delimitamos 25 parcelas de 10 x 10 m e contamos o número de indivíduos em estádio de plântula, jovem e adulto para cada uma das espécies. Calculamos Índices de agregação (Ia) com o programa SADIEShell. Também desenvolvemos análises de partição de variação entre a distribuição das espécies e as variáveis ambientais, abertura de dossel e umidade do solo. Ao total, foram registrados 1443 indivíduos e a espécie mais abundante foi Euterpe edulis. A densidade média foi de 57,72 ind. 100 m-2. Três espécies apresentaram padrão “J reverso”, o que indica que elas têm um potencial de regeneração nessa comunidade de palmeiras. O padrão espacial predominante foi o agregado (Ia > 1) e o grau de abertura do dossel não influenciou a abundância de nenhuma espécie. Apenas a distribuição de Bactris setosa e Geonoma gamiova, ambas de sub-bosque, foi explicada pela umidade do solo, sugerindo que outros fatores abióticos ou bióticos podem estar influenciando o arranjo espacial das espécies de dossel.
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