Ciência, futuro e afeto: formas de legitimar o discurso

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2175497772281

Palavras-chave:

Futuros, Ciência, Afetos

Resumo

Este trabalho sobre comunicação de ciência, de natureza puramente teórica e reflexiva, se propõe a analisar os modos pelos quais “os futuros” tornam-se inteligíveis, praticáveis e governáveis hoje e como isso permite estratégias de desinformação. A partir do resgate histórico de noções que servem para tornar o “futuro” inteligível, argumenta-se que a relação entre ciência, comunicação e mercado favoreceu o declínio do cientista como autoridade explicativa sobre os fenômenos do mundo, primando, com isso, a concorrência de ideias em que a ciência é apenas um dos modelos explicativos. Argumenta-se também que os regimes afetivos penetraram na ciência nos últimos anos e que essa mesma lógica tem sustentado esquemas e modelos de desinformação. A indeterminação do futuro, pensado como ameaça, serve tanto à ciência quanto às formas de descredenciá-la.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sra Suely Gomes, Universidade Federal de Goiás

Universidade Federal de Goiás

Referências

AMOORE, L; DE GOEDE, M. Transactions after 9/11: The Banal Face of the Preemptive Strike. In: Transactions of the Institute of British Geographers, vol. 33, n. 2, apr., 2008, pp. 173-185. https://www.jstor.org/stable/30133355 acesso em 15/05/2021 as 08h17

ANDERSON, B. Preemption, precaution, preparedness: Anticipatory action and future geographies. In: Progress in Human Geography, n. 34, v. 6, 2010a, p. 777–798. https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/0309132510362600 acesso em 15/05/2021 as 08h19

______. Security and the Future: anticipating the event of terror. In: Geoforum, v. 41, 2010b, p. 227-235. https://doi.org/10.1016/j.geoforum.2009.11.002 acesso em 15/05/2021 as 08h20

BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma nova modernidade. São Paulo: Editora 34, 2019.

BEGBY, Endre. Evidential Preemption. Philos Phenomenol Res. v. 102, n. 3, p. 515-530, 2020. Doi https://doi.org/10.1111/phpr.12654.

BRUCK, Mozahir; CARDOSO, Marisa; DOS-SANTOS, Marcus. Dossiê contra o negacionismo da ciência: a importância do conhecimento científico. Belo Horizonte: Editora PUC Minas, 2022.

BRUNO, F. Máquinas de ver, modos de ser: vigilância, tecnologia e subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2013.

BROWN, W. Nas ruínas do neoliberalismo. São Paulo: Editora Filosófica Politeia, 2019.

CAMARNEIRO, F. O Jardim e a Matrix: Uma análise da dupla persona de Olavo de Carvalho. Revista Eco-Pós, v. 24, n. 2, p. 386–409, 2021. DOI: 10.29146/ecopos.v24i2.27705.

CASTEL, R. From dangerouness to risk. In: BURCHELL, G.; GORDON, C.; MILLER, P. (org.). The Foucault effect: studies in governmentality: with two lectures by and interview with Foucault. Chicago: the University of Chicago Press, 1991, p. 281-298.

CASTIEL, L; MORAES, D; PAULA, I. Terapeuticalização e os dilemas preemptivistas na esfera da saúde pública individualizada. Revista Saúde Soc., São Paulo, v.25, n.1, p.96-107, 2016. https://doi.org/10.1590/S0104-12902016142788 acesso em 15/05/2021 as 08h23

CESAR MONASTIER KLEINA, N.; CARDOSO SAMPAIO, R. "Não sou eu quem está falando": A retórica de autoridade em vlogs da Direita brasileira no YouTube sobre a vacina contra a COVID-19. Revista Eco-Pós, v. 24, n. 2, p. 175–200, 2021. DOI: 10.29146/ecopos.v24i2.27707.

COOPER, M. Family values: between neoliberalism and the new social conservatism. New York: Zone Books, 2017.

DELEUZE, G. Conversações: 1972-1990. São Paulo: Editora 34, 2008.

DEFERT, D. “Popular life” and insurrance technology. In: BURCHELL, G.; GORDON, C.; MILLER, P. (org.). The Foucault effect: studies in governmentality: with two lectures by and interview with Foucault. Chicago: the University of Chicago Press, 1991, p. 211-236.

DILLON, M. Governing through contingency: the secuity of biopolitical governance. In: Political Geografhy, v. 26, s/n, 2007, p. 41-47. http://dx.doi.org/10.1016/j.polgeo.2006.08.003 acesso em 15/05/2021 as 08h25

EHRENBERG, Alain. O sujeito cerebral. Psicologia Clínica, v. 21, n. 1, 2009, p. 187-213.

EVANS, B. Anticipating fatness: childhood, affect and the pre-emptive 'war on obesity'. In: Transactions of the Institute of British Geographers, vol. 35, n. 1, January 2010, pp. 21-38. http://dx.doi.org/10.1111/j.1475-5661.2009.00363.x acesso em 15/05/2021 as 08h26

EWALD, F. Insurance and risk. In: BURCHELL, G.; GORDON, C.; MILLER, P. (org.). The Foucault effect: studies in governmentality: with two lectures by and interview with Foucault. Chicago: the University of Chicago Press, 1991, p. 197-210.

FOUCAULT, M. História da Sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 2010.

_______. Nascimento da biopolítica: curso dado no Collège de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008.

_______. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

GAMBA, M., SANTOS, E. Risco: repensando conceitos e paradigmas. In: Acta Paul, v. 4, n. 19, 2006. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002006000400001 acesso em 15/05/2021 as 08h27

GONDIM, G. Do conceito de risco ao da precaução: entre determinismos e incertezas. In: FONSECA, Angélica Ferreira; CORBO, Ana Maria D’Andrea (Org.). O território e o processo saúde-doença. Rio de Janeiro: EPSJV/FIOCRUZ, 2007.

ILLOUZ, E.; ALALUF, Y. O capitalismo emocional. In: CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges (org.). História das emoções: 3. Do final do século XIX até hoje. Petrópolis: Editora Vozes, 2020.

MASSARANI, Luisa; LEAL, Tatiane; WALTZ, Igor; MEDEIROS, Amanda. Infodemia, desinformação e vacinas: a circulação de conteúdos em redes sociais antes e depois da COVID-19. Liinc em Revista, v. 17, n. 1, p. 1-23, 2021. Doi: 10.18617/liinc.v17i1.5689.

MASSARANI, Luisa; LEAL, Tatiane; WALTZ, Igor. O debate sobre vacinas em redes

sociais: uma análise exploratória dos links com maior engajamento’. Cadernos de

Saúde Pública, v. 36, supl. 2, p.1-13, 2020a. https://doi.org/10.1590/0102-311x00148319.

MASSUMI, B. Potential Politics and the Primacy of Preemption. In: Theory & Event, n. 2, v. 10, 2007. https://doi.org/10.1353/tae.2007.0066 acesso em 15/05/2021 as 08h27

MCINTYRE, Lee. What Is Post-Truth. In: McIntyre, Lee. Post-truth. Cambridge: MIT Press, 2018, p. 1-17.

MIROWSKI, Philip. Hell Is Truth Seen Too Late. Boundary 2, n. 46, v. 1, p. 1-53, 2019, doi: 10.1215/01903659-7271327.

OMS. Managing epidemics: key facts about major deadly diseases. Organização

Mundial da Saúde, 2018. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/272442. Acesso: 11 de novembro de 2022.

QUINAN, R.; ARAUJO, M.; DE ALBUQUERQUE, A. A Culpa é da China!: O discurso sino-conspiratório no governo Bolsonaro em tempos de COVID-19. Revista Eco-Pós, v. 24, n. 2, p. 151–174, 2021. DOI: 10.29146/ecopos.v24i2.27698.

RABINOW, P; ROSE, N. O conceito de biopoder hoje. In: Revista de Ciências Sociais, n. 24, abril de 2006, p. 27-57. https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/politicaetrabalho/article/view/6600 acesso em 15/05/2021 as 08h38

ROSE, N. A política da própria vida: biomedicina, poder e subjetividade no séc. XXI. São Paulo: Paulus, 2013.

VAZ, P. Do normal ao consumidor: conceito de doença e medicamento na contemporaneidade. In: Revista Agora, v. 18, n. 1, janeiro-junho de 2014, p. 51-68. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-14982015000100005 acesso em 15/05/2021 as 08h39

______. A vida feliz das vítimas. In: FREIRE FILHO, J. (Org.). Ser Feliz Hoje: reflexões sobre o imperativo da felicidade. Rio de Janeiro: FGV, 2010.

_____. O destino do fait divers: política, risco e ressentimento no Brasil contemporâneo. In: Revista FAMECOS, n. 35, abril de 2008, p. 51-60. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2008.35.4093 acesso em 15/05/2021 as 08h40

_______. O sentido das notícias sobre saúde na cultura contemporânea. In: Revista Eco-Pós, v. 10, n. 1, janeiro-julho de 2007a, p. 107-119.

VAZ, P. et al. O fator de risco na mídia. In: Revista Interface – comunicação, saúde, educação, v. 11, n. 21, janeiro-abril de 2007b, p. 145-153. https://doi.org/10.1590/S1414-32832007000100013 acesso em 15/05/2021 as 08h43

VAZ, P. Consumo e risco: mídia e experiência do corpo na atualidade. In: Revista de Comunicação, Mídia e Consumo, v. 3, n. 6, março de 2006, p. 37-61. http://dx.doi.org/10.18568/cmc.v3i6.58 acesso em 15/05/2021 as 08h43

VIDAL-NAQUET, Pierre. Os assassinos da memória: um Eichmann de papel e outros ensaios sobre o revisionismo. Campinas: Papirus, 1988.

Downloads

Publicado

24-01-2023

Como Citar

Bozz, A., & de Aquino Gomes, S. H. (2023). Ciência, futuro e afeto: formas de legitimar o discurso. Animus. Revista Interamericana De Comunicação Midiática, 21(47). https://doi.org/10.5902/2175497772281

Edição

Seção

Dossiê - Comunicação e Ciência: divulgação científica profissional, estratégias, relação comunicação científica e sociedade