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"Na torpeza nauseante havia muita coisa pura”: despersonalização e afirmação do sujeito em Memórias do Cárcere e na Casa dos Mortos.

Authors

  • Ana Carolina Huguenin Pereira Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

DOI:

https://doi.org/10.5902/1679849X25593

Abstract

A “torpeza” e a “pureza” que dão título a este texto são observadas por Graciliano Ramos no presídio da Ilha Grande. Lançado num ambiente hostil e desconhecido, o autor registra o processo de negação dos direitos e da dignidade dos presidiários, descritos através de expressões como “rebanho” e “fantasmas”. A convivência com prisioneiros originários contextos sociais e culturais em ampla medida desconhecidos abre caminho ao estranhamento, mas também a aproximações. Em Memórias da casa dos mortos, Dostoiévski se encontra em posição semelhante, e registra, com grande ênfase, a “pureza” em meio à “torpeza”, a afirmação da vida e da personalidade entre os “mortos” recolhidos na “casa” siberiana. O presente artigo tem como objetivo estabelecer comparações e aproximações entre as memórias carcerárias de ambos os literatos, a partir da problemática da negação da dignidade humana, e, por outro lado, da resistência dos presidiários, que lutam para afirmar suas vidas e personalidades, diante de circunstâncias restritivas e brutais.

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Author Biography

Ana Carolina Huguenin Pereira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Doutora em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professora de História Contemporânea da Faculdade de Formação de Professores (FFP) da UERJ.

References

AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I. Belo Horizonte: UFMG, 2010.

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Sobranie sotchinenii v dieviti tomakh. Tomo II. Moscou: ACT, 2003.

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RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. São Paulo: Record, 2015.

SANTOS, Myrian Sepúlveda dos. Os porões da República. A barbárie nas prisões da Ilha Grande: 1884-1945. Rio de Janeiro: Garamond, 2009.

Published

2017-08-02

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How to Cite

Pereira, A. C. H. (2017). "Na torpeza nauseante havia muita coisa pura”: despersonalização e afirmação do sujeito em Memórias do Cárcere e na Casa dos Mortos. Literatura E Autoritarismo, (29). https://doi.org/10.5902/1679849X25593