Entre o dramático e o épico: o herói negativo e as hibridizações estéticas na teledramaturgia de Dias Gomes nos anos 1970
DOI:
https://doi.org/10.5902/1679849X75237Palavras-chave:
Hibridismo, Dramaturgia, Nacional-popular, Herói negativo, TelevisãoResumo
Este artigo analisa as hibridizações de diferentes matrizes estéticas nas telenovelas assinadas por Dias Gomes na década de 1970 que contaram com um herói negativo como protagonista: Bandeira 2, O Bem-Amado e Sinal de Alerta. Tucão, Odorico e Tião são figuras com condutas reprimíveis, que podem provocar estranhamento e indignação, mas também são simpáticas, cômicas e promovem identificação. Essa ambiguidade na construção remonta a um conjunto diverso de estéticas dramatúrgicas: a comédia de costumes, o teatro épico brechtiano, a tragédia, o melodrama, a farsa, a paródia e a sátira. No contexto da ditadura militar, Dias Gomes procurou dar continuidade na televisão ao projeto de constituição de um teatro político e popular, que foi consolidado nos anos 1960. Se, por um lado, essas mesclas correspondiam à plataforma político-cultural pecebista para a construção de uma “frente ampla” de resistência à ditadura e de crítica à modernização conservadora, por outro, contribuíram para a modernização da teledramaturgia nacional.
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