O doloroso impasse do poético diante do autoritarismo e do horror
DOI:
https://doi.org/10.5902/1679849X73919Palavras-chave:
Autoritarismo, Literatura Brasileira, SilêncioResumo
Propõe-se, este estudo, a percorrer considerações teóricas que examinam o autoritarismo como um elemento do horror, verificando de que modo tal concretude do fato histórico é mimetizado e representado nas poéticas reconhecidas pelo cânone da literatura brasileira. Partimos das considerações de Luiz Costa Lima em O redemunho do horror, obra de 2003, percorremos análises sobre o horror em Erico Verissimo, compulsamos estudos sobre o autoritarismo, voltando-nos para obras que focalizam a narrativa ficcional no pós-64, e verificamos a repulsa à alteridade que caracteriza o canônico nas letras nacionais. Tal endogenia diminui o alcance da literatura brasileira, pois nossos autores se perdem em um entre-lugar vazio de sentidos, vagando entre o silêncio que denuncia e o silêncio que omite. Por isso se mostram incapazes de captar o horror inserto na estrutura constitutiva da sociedade ocidental.
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