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Sobre o conceito de 'ingenuidade épica' em Adorno

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1679849X72358

Palavras-chave:

Adorno, Ingenuidade épica, Razão esclarecida

Resumo

Em 1958, Theodor W. Adorno publicou o primeiro volume da série Notas de literatura, em que constava o ensaio “Sobre a ingenuidade épica”, escrito em 1943 como parte da pesquisa para a obra produzida com Horkheimer, Dialética do esclarecimento. Não por acaso é que os conceitos desenvolvidos nesta obra podem elucidar a noção de ingenuidade épica apresentada no curto ensaio de 1943. Neste artigo, pretendo analisar o conceito adorniano de “ingenuidade épica” à luz da relação entre mito e razão desenvolvida na Dialética do esclarecimento. A contradição no discurso épico entre o mito e o registro linguístico apresenta-se como o princípio reflexivo que permitirá aproximações com o discurso da razão esclarecida: ambos os discursos pretendem, por meio da objetividade, dominar o desconhecido, amenizar o fascínio e o medo provocados pelo que é obscuro. Porém, distinguem-se pelo fato de que o discurso épico atém-se ao particular, ao passo que a razão esclarecida atém-se ao universal. Dessa diferença, resulta a crítica que a ingenuidade épica direciona à razão esclarecida, pois, se inscrevendo no âmbito da ficção e abstendo-se da lógica classificatória que quer dar conta do universal, o discurso épico aproxima conceito e objeto a fim de produzir uma imagem do real.

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Biografia do Autor

Rosani Ketzer Umbach, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria

Professora Titular da Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Letras Estrangeiras Modernas, Programa de Pós-Graduação em Letras, Pesquisadora CNPq.

Suene Honorato, Universidade Federal do Ceará

Doutora em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas.

Referências

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Publicado

2012-11-15

Versões

Como Citar

Umbach, R. K., & Honorato, S. (2012). Sobre o conceito de ’ingenuidade épica’ em Adorno. Literatura E Autoritarismo, (12). https://doi.org/10.5902/1679849X72358