O governo e o autogoverno do aluno no ensino do desenho em Portugal (séculos 18 e 19)

Autores

  • Catarina Silva Martins Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, Porto

DOI:

https://doi.org/10.5902/1983734864729

Palavras-chave:

desenho, governamentalidade, modernidade pedagógica, educação artística, Portugal.

Resumo

O texto aborda a emergência de um pensamento sobre a educação artística das crianças e jovens portugueses, a partir de uma perspectiva de governamentalidade. Duas linhas genealógicas sobressaem no tempo histórico aqui delineado, que vai do final do século 18 ao final do século 19. Por um lado, o propósito governativo das artes era o de fabricar o cidadão da nação como trabalhador, explorando os potenciais subjetivadores das artes, particularmente em termos do autogoverno do aluno; por outro lado, os capitais simbólicos e culturais a elas associados funcionavam também como terrenos de distinção na fabricação de tipos de pessoa.

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Biografia do Autor

Catarina Silva Martins, Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, Porto

Professora na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e Investigadora Integrada do i2ADS - Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade. Directora do Doutoramento em Educação Artística da Universidade do Porto.

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Publicado

2021-08-30

Como Citar

Martins, C. S. (2021). O governo e o autogoverno do aluno no ensino do desenho em Portugal (séculos 18 e 19). Revista Digital Do LAV, 14(2), 359–384. https://doi.org/10.5902/1983734864729