Dossiê: Urbanismo, política e pandemia na América Latina
DOI:
https://doi.org/10.5902/2236672571265Palavras-chave:
Urbanismo, Covid-19, Gestão da pandemia, Política, América LatinaResumo
Este artigo introduz de modo substancializado ao dossiê "Urbanismo, política e pandemia na América Latina" que reúne uma serie de artigos que apresentam postais, sinais, dados relevantes e indícios do impacto da pandemia em diversas cidades, especialmente de Argentina e Brasil, desde uma perspectiva comparativa. Os temas que atravessam este dossiê são os da governabilidade, a política da gestão pública da pandemia, a administração da crise sanitária e seus impactos nos setores de saúde e de populações mais vulneráveis em diversos tipos de cidades, os conflitos entre poderes federais, estatais, regionais e municipais, além do desempenho de diferentes tipos de lideranças. Além desta introdução, o dossiê conta com mais 5 artigos: Di Virgilio e Perelman, sobre Buenos Aires; Torres, Travassos, Moreira e Fernandes, sobre São Paulo; Arantes e Galvão, sobre Salvador; Gledhill, comenta e compara este primeiro conjunto de artigos, ampliando o escopo analítico para o de outros países de América Latina, e um último artigo de Marques e Garzón, que fecha o dossiê com um artigo sobre sistemas de saúde em cidades intermediarias amazônicas, o genocídio de populações indígenas e o caso de Manaus no Norte do Brasil. As principais conclusões às que chegam os autores são sobre a existência de um enorme processo de segregação espacial e um denominado “racismo ambiental” especialmente no caso do Brasil. Entre elementos em comum na região está que zonas periféricas e mais pobres foram as mais afetadas, ainda quando o debate também inclui outros tipos de mudanças na vida urbana e impactos da pandemia sobre classes medias. A pandemia colocou em evidência diversas formas de resistência militante e de resiliência desde abaixo para enfrentar a crise. Argentina mostrou uma melhor gestão da crise sanitária, mas nos casos do Brasil, México e outros países do continente, se evidenciou a fragilidade das políticas públicas de gestão da pandemia e de seus sistemas de saúde. Tudo isso têm redundado no aumento das desigualdades já existentes. Paradoxalmente processos de urbanização tiveram dois tipos de resultados: de um lado aumentaram as condições de vida de certos setores da população, mas para a grande maioria só trouxe desindustrialização, precarização e processos de gentrificação. Ao mesmo tempo se produziram diversas mobilizações sociais em países como Chile e Colômbia, com o aumento crescente da desconformidade frente à pandemia e o modelo de desenvolvimento urbano neoliberal. Se propõem medidas urgentes para enfrentar os problemas: a erradicação da pobreza, uma revisão do modelo de urbanismo, redistribuição espacial e uma melhoria da sociabilidade e da mobilidade urbana para lograr a inclusão e justiça social. Se fecha o dossier com um novo artigo sobre a crise de sistemas de saúde na Amazónia, com especial ênfase sobre o trágico caso da falta de oxigênio em Manaus.
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Referências
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