O trabalho de cuidado no sindicato das trabalhadoras domésticas de Pelotas, RS
DOI:
https://doi.org/10.5902/2236672537558Palavras-chave:
Trabalhadoras domésticas, trabalho de cuidado, sindicato, resistência.Resumo
O objetivo deste artigo é refletir sobre as práticas cotidianas observadas no Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Pelotas-RS. A partir de uma etnografia destacamos questões pouco analisadas na bibliografia sobre sindicalismo no âmbito do trabalho doméstico: o quanto as interações os atendimentos e as reuniões são recorrentemente permeados por relações de cuidado entre as diretoras sindicais e as mulheres que buscam auxílio. Nestas interações a trajetória histórica das militantes, bem como as experiências de gênero, de classe e raça vividas pelas próprias sindicalistas, fazem com que o momento dramático de rescisões de contratos, disputas com os patrões ultrapassem o estilo burocrático, não se limitando aos processos formais inerentes aos propósitos do sindicato. Assim, propomos que a finalidade última do sindicato de proteger e prover a categoria de esclarecimentos referentes aos contratos a aos direitos trabalhistas das trabalhadoras domésticas, são permeadas por um intenso e invisível trabalho de cuidado e práticas de resistência que emergem das habilidades das diretoras para encontrar possibilidades em contexto de exclusão e pouco acesso aos direitos legais já conquistados pela categoria.Downloads
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