Espaços de branquitude: segregação racial entre as classes médias em Salvador, Bahia
DOI:
https://doi.org/10.5902/2236672536942Palavras-chave:
Branquitude, Classes médias, Espaço, Segregação racial, BahiaResumo
Neste artigo, examino as formas como uma identidade branca é construída a partir da ocupação de espaços racialmente segregados da cidade de Salvador, na Bahia. Alinhando-me aos estudos críticos de branquitude, busco entender como os mecanismos de aproximação a uma identidade branca e a tudo que a ela é associado funciona como forma de distinção social das classes médias, garantindo-lhes acesso privilegiado a bens e recursos. A partir de pesquisa realizada no Loteamento Aquarius, situado na Pituba, bairro de classe média alta, examino os processos cotidianos de produção de espaços de branquitude, buscando compreender como uma cidade segregada afeta a produção de sujeitos sociais e como estes sujeitos, por sua vez, afetam a construção da cidade. A metodologia da pesquisa, ainda em curso, constitui-se em levantamento de dados secundários sobre a ocupação do espaço urbano de Salvador, e de dados primários, coletados com base em entrevistas semiestruturadas com moradores do bairro, assim como em observações etnográficas e autoetnográficas.
Downloads
Referências
ANDRADE, A. B. Expansão Urbana de Salvador: o caso da Pituba. Dissertação (Mestrado em Geografia), Curso de Pós-Graduação em Geografia, UFBA, 2003.
ARANTES, R. A Cidade do Medo: Segregação, Violência e Sociabilidade Urbana em Salvador. In Cadernos do CEAS, Salvador, nº. 235, p. 45-73, 2015.
AZEVEDO, T. de. As elites de cor: um estudo de ascensão social. Rio de Janeiro: Cia. Editora Nacional, 1955.
BOURDIEU, P. A Distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: Edusp, 2008.
BENTO, M. A. Branqueamento e Branquitude no Brasil. In: CARONE, I. e BENTO, M.A. (Orgs.). Psicologia Social do Racismo. Editora Vozes, 2002.
BRANDÃO, M. de A. O último dia da criação: mercado, propriedade, e uso do solo em Salvador. In: VALLADARES, Lícia (Org.). Habitação em questão. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1980, pp.125-42.
BRITO, C. de C.T. Impactos recentes na economia baiana e a expansão do bairro da Pituba. Monografia de final de curso. Departamento de Geografia, UFBA, 1993.
CALDEIRA, T. P. do R. Cidade de Muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo: Editora 34 e EDUSP, 2000.
CALDEIRA, T. P. do R. Qual a novidade dos rolezinhos? Espaço público, desigualdade e mudança em São Paulo. Novos Estudos, nº. 98, 2014.
CARDOSO, A. e PRÉTECEILLE, E. Classes Médias no Brasil: Do que se trata? Qual seu Tamanho? Como Vêm Mudando? DADOS, Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 60, nº. 4, pp. 977-1023, 2017.
CARDOSO, L. (Org.). O Branco-objeto: o movimento negro situando a branquitude. In Instrumento: R. Est. Pesq. Educ. Juiz de Fora, v. 13, nº. 1, 2011.
CARVALHO, I. M. e PEREIRA, G. C. Segregação Socioespacial e Dinâmica Metropolitana. In: CARVALHO, I. M. e PEREIRA, G. C. (Org.). Como Anda Salvador e sua Região Metropolitana. Salvador, EDUFBA, 2006.
CASTRO, N. A. Trabalho e Desigualdades Raciais: Hipóteses Desa antes e Realidades por Interpretar. In: N. A. CASYTRO. & V. S. BARRETO (Orgs.). Trabalho e Desigualdades Raciais. Negros e Brancos no Mercado de Trabalho em Salvador. São Paulo, Annablume/A Cor da Bahia, 1998.
DAVIS, M. City of Quartz: Excavating the Future in Los Angeles. London: Verso, 2006.
DEMIER, F. e HOEVETER, R. (Orgs.). A Onda Conservadora: ensaios sobre os atuais tempos sombrios no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 2016.
ESPINHEIRA, G. Urbanização e Barbárie. Revista da Bahia, Salvador, v.29, nº.13, pp. 40-48, 1989.
FRANKENBERG, R. White Women, Race Matters: The Social Construction of Whiteness. Minneapolis: The University of Minnesota Press,1993.
ELLIN, N. (Ed.). Architecture of Fear. New York: Princeton Architectural Press, 1997.
FANON, F. Os Condenados da Terra. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1968.
GOLDBERG, D. T. The Threat of Race: Re ections on Racial Neoliberalism. Oxford: Wiley-Blackwell, 2009.
GUERREIRO RAMOS, A. O problema do negro na sociologia brasileira. Cadernos do Nosso Tempo, nº. 2, 1954.
GUIMARÃES, A. S. A. Estrutura e Formação das Classes Sociais na Bahia. Novos Estudos CEBRAP. São Paulo, n°. 18, pp.57-69, 1987.
HASENBALG, C. Raça, Classe e Mobilidade. In: HASENBALG, C. e GONZALEZ, L. (Org.). Lugar de Negro. Rio de Janeiro: Editora Marco Zero, 1982.
HEIMAN, R., FREEMAN, C. e LIECHTY, M. The Global Middle Classes: Theorizing through Ethnography. Santa Fe, SARS Press, 2012.
LAMONT, M. Money, Morals and Manners: the culture of the French and American upper-middle-class. University of Chicago Press, 1992.
LESSER, J. Negotiating National Identity. Durham e London: Duke University Press, 1999.
LIMA, D. N. de O. Sujeitos e Objetos do Sucesso: Antropologia do Brasil Emergente. Garamond Universitária, 2008.
LIPSITZ, G. The Possessive Investment in Whiteness. Florida: Temple University Press, 2006.
LIPSITZ, G. How racism takes place. Florida: Temple University Press, 2011.
LOW, S. Behind the Gates: Life, Security and the Pursuit of Happiness in Fortress America. New York: Routledge, 2003.
MAIA, S. M. Identificando a branquidade inominada: corpo, raça e nação nas representações sobre Gisele Bündchen na mídia transnacional. Cadernos Pagu [online], nº.38, pp.309-341, 2012.
MAIA, S. M. A Branquitude das Classes Médias: Discurso Moral e Segregação Racial. In: MULLER, T. e CARDOSO, L. (Orgs.). Branquitude: estudos sobre a identidade branca no Brasil. Curitiba: Appris Editora, 2017.
MILLS, C. W. The Racial Contract. Ithaca: Cornell University Press, 1998.
MOURA, C. P. de. A Forti cação preventiva e a urbanidade como perigo. Série Antropológica, Brasília, nº. 407, 2006.
MULLER, T. e CARDOSO, L. (Orgs.). Branquitude: estudos sobre a identidade branca no Brasil. Curitiba, Appris editora, 2017.
NERI, M. A Nova Classe Média. Rio de Janeiro: CPS-FGV, 2008.
NOGUEIRA, O. Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem Sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil. Tempo Social, Revista de sociologia da USP, v. 19, nº. 1. (1955, 1ª ed.).
OLIVEIRA, F. de. O Elo Perdido: classe e identidade de classe na Bahia. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2003.
OWENSBY, B. P. Intimate Ironies: Modernity and the Making of Middle- Class Lives in Brazil. Stanford, CA: Stanford University Press, 1999.
PAIVA, E. F. Escravidão, dinâmicas de mestiçagens e o léxico ibero- americano. Perspectivas. Portuguese Journal of Political Science and International Relations, nº. 10, pp.11-24, June, 2013.
PINHO, P. de S. White but Not Quite: Tones and Overtones of Whiteness in Brazil. Small Axe 29, July 2009.
PINTAUDI, S.; FRUGOLI JUNIOR, H. (Org.). Shopping centers: espaço, cultura e modernidde nas cidades brasileiras. São Paulo: UNESP, 1992, pp. 05-25.
PORCHMAN, M. Nova Classe Média? O trabalho na base da pirâmide social brasileira. São Paulo: Boitempo Editorial, 2012.
QUADROS, W. “O milagre brasileiro” e a expansão da nova classe média. Campinas: IE/UNICAMP, 1991.
REIS, A. D. Pardos na Bahia: casamento, cor e mobilidade social, 1760- 1830. Perspectivas. Portuguese Journal of Political Science and International Relations, nº. 10, pp. 45-62, 2013.
REITER, B. Whiteness as Capital: Constructing Inclusion and Defending Privilege. In: Reiter, B. and G. Mitchell (Eds.). Brazil’s New Racial Politics. Boulder: Lynne Rienner Publishers, 2009, pp.19-34.
ROEDIGER, D. The Wages of Whiteness: Race and the Making of the American Working Class. Verso, 2007.
SALATA, A. R. A Classe Média Brasileira: posição social e identidade de classe. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2016.
SAMPAIO, T. Relatório dos Estudos e projetos para uma cidade nova: Cidade da Luz. Na Pituba, dos terrenos de propriedade do Sr. Manoel Dias da Silva. Salvador: Imprensa Oficial do Estado, 1919.
SCHUCMAN, L. V. Entre o “encardido”, o “branco” e o “branquíssimo”: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. São Paulo: Annablumme, 2014.
SANTOS, J. A Cidade Poli(Multi)Nucleada: a Reestruturação do Espaço Urbano de Salvador. Salvador, EDUFBA, 2013.
SANTOS, J. T. dos. De pardos disfarçados a brancos pouco claros: classi cações raciais no Brasil dos séculos XVIII-XIX. Afroásia, nº. 32, pp.115-137, 2005.
SKIDMORE, T. Preto no Branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1989.
SOUZA, G. A. e FARIA, V. (Org.). Bahia de Todos os Pobres. Petrópolis: Vozes, 1980.
SOUZA, J. Os batalhadores brasileiros. Nova classe média ou nova classe trabalhadora? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
SOVIK, L. Aqui ninguém é branco. Rio de Janeiro: Editora Aeroplano, 2009.
TEIXEIRA, M. C. O [Des]Afeto do Público: a perda de áreas públicas de Salvador pelo instrumento de Desafetação (1979-2012). Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo), Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, 2014.
TELLES, E. (Ed.). Pigmentocracy: Ethnicity, Race and Color in Latin America. University of North Carolina Press, 2014.
TRIGUEIRO, E. e CUNHA, V. O quarto da empregada: história de um apartheid imutável num espaço doméstico em mudança. In: GUIMARÃES, V. (Org.). Doméstica. Recife: Desvia Editora, 2015.
WARE, V. (Org.). Branquidade: identidade branca e multiculturalismo. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.
WEINSTEIN, B. Racializando as Diferenças Regionais: São Paulo x Brasil, 1932. Revista Esboços, UFSC, v. 13, nº. 16, pp.281-303, 2006.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam na Século XXI: Revista de Ciências Sociais concordam com os seguintes termos:
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).