Taylorização e auto-taylorização do trabalho: as metodologias ágeis na indústria de software

Autores

  • Henrique Amorim Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
  • Maurício Reis Grazia Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

DOI:

https://doi.org/10.5902/2236672536165

Palavras-chave:

Metodologias ágeis, Indústria de software, Taylor-fordismo, Toyotismo, Trabalho imaterial

Resumo

A proposta desse artigo é analisar criticamente as metodologias ágeis, presentes na produção de software. Com este objetivo, nos questionamos em que medida tal produção e formas de organização do trabalho reproduzem antigas formas de organização do trabalho, sobretudo, as taylor-fordistas e as toyotistas. Contrariamente as teses que apresentam a emergência do trabalho imaterial como um momento paradigmático de ruptura com a produção industrial, temos por objetivo debater em que medida o “novo”, presente nessas formas de organização do trabalho no século XXI, se configurariam como adaptações do taylor-fordismo e do toyotismo a uma nova fronteira produtiva pouco ou nada explorada pelo capital nos séculos XIX e XX, a produção imaterial. 

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Biografia do Autor

Henrique Amorim, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Doutor em Ciências Sociais; Professor Associado de Sociologia do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP – Campus Guarulhos)

Maurício Reis Grazia, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Mestre em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP – Campus Guarulhos)

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Publicado

2018-12-21

Como Citar

Amorim, H., & Grazia, M. R. (2018). Taylorização e auto-taylorização do trabalho: as metodologias ágeis na indústria de software. Século XXI – Revista De Ciências Sociais, 8(2), 747–776. https://doi.org/10.5902/2236672536165