Os tratamentos para pessoas privadas de liberdade que fazem uso problemático de álcool e outras drogas: uma revisão integrativa
DOI:
https://doi.org/10.5902/2236583471543Palavras-chave:
Transtornos relacionados ao uso de substâncias, Prisioneiros, Cooperação e adesão ao tratamento, Prisões, Usuário de drogasResumo
As taxas de transtornos associados ao uso de Substâncias Psicoativas (SPA) entre Pessoas Privadas de Liberdade (PPL) são altas e mostram-se como uma problemática no cárcere. Diante disso, esta revisão integrativa objetivou analisar a produção científica nacional e internacional referente ao tratamento do uso problemático de SPA entre PPL. A estratégia PICO conduziu a busca de evidências por meio do acesso às bases de dados LILACS, CINAHL e PubMed, no período de 2011 a 2021, compondo 8 artigos como corpus de análise. Por meio da análise temática, obteve-se como variáveis: estratégias ofertadas para o tratamento do uso de SPA, retenção e desistência no tratamento e reinserção social. A literatura aponta a abstinência total como principal forma de tratamento ofertada em presídios, porém é a que demonstra menor eficácia e maior relação com o número de recaídas e overdoses pós-encarceramento. Portanto, o uso, o abuso e a dependência de SPA atingem imensamente a população privada de liberdade, mostrando-se necessário o desenvolvimento de estratégias efetivas que atuem no tratamento dos usuários, considerando as especificidades do cenário prisional e garantindo os direitos constitucionais básicos acerca dessa população.
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