Mulheres, mães, educadoras: notas sobre (im)possibilidades na transmissão do cuidado
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984644455362Palavras-chave:
educadoras, educação infantil, psicanáliseResumo
Este artigo parte de uma experiência de acompanhamento em Escolas de Educação Infantil. Para além do olhar direcionado aos bebês no contexto da pesquisa, voltou-se a atenção também para as educadoras. Propõe-se, neste escrito, trazer à tona questões perpassadas por aspectos sócio-histórico-culturais que parecem refletir no fazer cotidiano dessas mulheres e nas suas possibilidades de transmissão do cuidado às crianças. Para a composição do trabalho, foram utilizadas vinhetas retiradas dos diários clínicos de duas pesquisadoras que acompanharam semanalmente uma turma de berçário 1 durante 7 meses. Na análise dos dados, se fez presente uma dificuldade das educadoras em entregarem-se corporalmente aos cuidados dos bebês. A partir de trabalhos que apontam para um apagamento histórico da relevância das amas-de-leite e das babás na formação subjetiva da sociedade brasileira, propõe-se uma transposição dessa situação às profissionais da educação infantil, também encarregadas do cuidado primordial de crianças das quais não são mães. Tal apagamento funcionaria como um barramento realizado pelas famílias e pela cultura diante da possibilidade da construção de intimidade entre o bebê e a educadora e das trocas corporais entre a dupla. Além disso, são analisados efeitos de intervenções que promoveram um reconhecimento da função e da importância das profissionais. Dessa maneira, reflete-se sobre a função do reconhecimento como forma de cuidado, tanto no âmbito do trabalho na educação infantil quanto em um aspecto macro, levando em conta marcadores sociais, como aqueles de gênero e de raça.
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