Estimativa de perdas de solos pelo modelo USLE em bacia hidrográfica de região montanhosa no sul de Santa Catarina, Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2236117062695

Palavras-chave:

Erosão hídrica, SIG, Bacia montanhosa

Resumo

A erosão hídrica é um fator de degradação do solo que é desencadeado pelo impacto das gotas de chuvas originadas por precipitações intensas, desagregando o solo, seguido pelo carreamento das partículas pelo escoamento superficial. No processo de erosão, além de perdas de solos, ocorre carreamento de nutrientes, fertilizantes, defensivos agrícolas e, dessa forma, ocorrem os processos de assoreamento dos cursos d’água e poluição dos recursos hídricos. A erosão pode gerar grande impacto na produção agrícola, quando não são realizadas técnicas de uso e manejo do solo. Nesses aspectos, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a perda de solos na bacia hidrográfica do rio Malacara, que é uma sub-bacia da bacia do rio Mampituba, caracterizada por um relevo contrastante, com grandes altitudes nas escarpas da Serra Geral e a planície de inundação. O método utilizado para o desenvolvimento da pesquisa foi aplicação da Equação Universal de Perda de Solo (USLE). A estimativa da perda de solo pela USLE requer os fatores: erosividade da chuva (R), erodibilidade do solo (K), comprimento da vertente (L), declividade da vertente (S), uso e manejo do solo (C) e práticas conservacionistas (P). A erosividade da chuva estimada foi de 5.754,2 MJ mm ha-1 h-1 ano-1. A erodibilidade foi determinada para os solos presentes na bacia, destacando um elevado valor para o Gleissolos. O fator topográfico (LS) apresentou valores de 0 a maiores que 20, que corresponde ao potencial de escoamento superficial baixo a muito alto. A planície de inundação apresentou taxas de escoamento superficial menores, enquanto os locais próximos aos vales encaixados, no cânion Malacara, o potencial de escoamento superficial variou de alto a muito alto. Os fatores de uso e manejo do solo e de práticas conservacionistas (CP) obtiveram valor máximo de 0,404, correspondente ao solo exposto, a segunda classe mais representativa foi áreas agrícolas, com valor 0,145. A perda de solo na bacia hidrográfica do rio Malacara, variou de 0 a mais de 200 t ha-1 ano-1, onde 87,38% da área apresenta um grau de erosão laminar normal a ligeiro e, apenas 2,94% da área possui um alto ou muito alto grau de erosão. Adicionalmente, devido às características de relevo, solos pouco profundos, precipitações intensas nas bacias montanhosas, conhecer e compreender as perdas de solo por erosão é de extrema relevância para o adequado gerenciamento de recursos hídricos de bacias hidrográficas.

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Biografia do Autor

Lucas Kister Amaral, University of the Far South of Santa Catarina, Criciúma, SC

Mestrando em Ciências Ambientais

Sabrina Baesso Cadorin, University of the Far South of Santa Catarina, Criciúma, SC

Mestranda em Ciências Ambientais

Álvaro José Back, Company of Agricultural Research and Rural Extension of Santa Catarina, Cricúma, SC

Doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental

Fernanda Dagostin Szymanski, Federal University of Santa Catarina, Florianópolis, SC

Mestranda em Energia e Sustentabilidade

Claudia Weber Corseuil, Federal University of Santa Catarina, Florianópolis, SC

Doutora em Agronomia

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Publicado

2020-12-04 — Atualizado em 2022-07-28

Versões

Como Citar

Amaral, L. K., Cadorin, S. B., Back, Álvaro J., Szymanski, F. D., & Corseuil, C. W. (2022). Estimativa de perdas de solos pelo modelo USLE em bacia hidrográfica de região montanhosa no sul de Santa Catarina, Brasil. Revista Eletrônica Em Gestão, Educação E Tecnologia Ambiental, 24, e20. https://doi.org/10.5902/2236117062695 (Original work published 4º de dezembro de 2020)