A racionalidade substantiva das práticas de autogestão: uma análise sobre as dinâmicas organizativas de mulheres na economia solidária sob a perspectiva da história oral
DOI:
https://doi.org/10.5902/1983465943355Palavras-chave:
Economia Solidaria, FeminismoResumo
Objetivo - A pesquisa tem o objetivo de discutir a racionalidade substantiva no contexto da Economia Solidária (ES), e das práticas de autogestão de mulheres da Rede Economia Solidária e Feminista [RESF], a partir das vozes das próprias mulheres.
Design/metodologia/abordagem - A pesquisa exploratória qualitativa, a partir da perspectiva da história oral temática, em uma busca por representatividade de outras formas de organização por meio da alteridade e de uma visão pós-colonial da Administração.
Achados - Os grupos produtivos de mulheres da RESF configuram-se como organizações substantivas. Suas dinâmicas organizativas, sob o paradigma da autogestão, permitem a construção de uma economia inclusiva, que se baseia em valores, pratica a democracia, compartilha os processos de tomada de decisão, e, por conseguinte, os processos de aprendizagem, seguindo o enclave “Isonomia” de Guerreiro Ramos.
Limitações da pesquisa– como um estudo exploratório não foi possível neste artigo aprofundar a questão gênero na pratica cotidiana das mulheres no grupo produtivo.
Implicações práticas– O uso do paradigma da autogestão em uma situação de economia inclusiva expõe a esses grupos produtivos uma alternativa real de se compreenderam como participantes ativos da economia.
Implicações sociais – O estudo traz a reflexão das participantes dos grupos produtivos sobre sua posição ativa na sociedade gera uma auto valoração de suas atividades, servindo a análise também como uma abertura para reavaliações e reaplicações do processo de autoconhecimento de tais grupos.
Originalidade – Há uma lacuna de pesquisas em administração discutindo economia solidária, autogestão, organizações feministas e organizações substantivas de Guerreiro Ramos
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