O modernismo mineiro: Conjunto Moderno da Pampulha, referência da arquitetura brasileira
DOI:
https://doi.org/10.5902/2357797594344Palavras-chave:
Patrimônio mundial, Valores, Carta de Burra, Saber LocalResumo
Este artigo apresenta o Conjunto Moderno da Pampulha, consagrado como Patrimônio Mundial, quanto a sua significância cultural em valores histórico e estético (relativo) (Riegl, 2014), alinhando-se aos critérios da Carta de Burra (2013). Sua relevância transcende o pioneirismo formal, da vanguarda internacional com sensibilidade singular para com a paisagem e a cultura mineiras. A compreensão desta obra é ampliada ao aplicarmos o conceito de "Saber Local" de Clifford Geertz (1978), que demonstra como o significado da arquitetura modernista mineira está enraizado nas experiências coletivas da comunidade. Complementarmente, a teoria da recepção de Hans Robert Jauss, em seu "horizonte de expectativas", ilumina como o conjunto arquitetônico provoca um estranhamento produtivo, a Pampulha não apenas transformou a percepção arquitetônica em Minas Gerais, mas também conferiu seu caráter artístico e de status social às residências mineiras. Essa abordagem – Geertz (1978) e Jauss (1994) – revela como a arquitetura modernista mineira, longe de ser uma imitação passiva, reinterpretou criativamente os preceitos modernos à luz do contexto local, gerando uma produção de caráter precursor e excepcional valor patrimonial, cuja recepção continua a evoluir e a ressignificar sua importância histórica.
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