A colonialidade no Direito Internacional Humanitário: crítica decolonial e proposta de reinterpretação emancipatória

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2357797594315

Palavras-chave:

Direito Internacional Humanitário, Teoria decolonial, Sul global, Colonialidade do poder, Justiça emancipatória

Resumo

O presente artigo investiga as persistências coloniais no Direito Internacional Humanitário (DIH), demonstrando como sua aplicação permanece seletiva e eurocentrada. Parte-se da hipótese de que o DIH, embora normativamente formulado com base em princípios universais, opera como dispositivo geopolítico de dominação, reforçando desigualdades entre o centro e a periferia do sistema internacional. O objetivo central é tensionar a suposta neutralidade do DIH à luz das teorias decoloniais e das epistemologias do Sul Global, propondo uma reinterpretação emancipatória do campo jurídico humanitário. Utiliza-se metodologia qualitativa, com base em revisão bibliográfica crítica de autores como Anghie, Crutchley, Getabicha, Pahuja, Quijano, Sander e Veličković. Os resultados indicam a predominância de uma lógica de seletividade na aplicação das normas humanitárias, com prejuízo para conflitos situados no Sul Global, especialmente aqueles de caráter insurgente, comunitário ou contra-hegemônico. Conclui-se que a superação dessa colonialidade normativa requer a abertura do DIH à pluriversalidade jurídica e à autodeterminação dos povos, reposicionando a justiça como valor central da normatividade internacional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcelo Carvalho Ribeiro, Universidade Federal de Santa Maria

Doutorado em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado - Maior do Exército; Mestrando em Relações Internacionais, Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil.

Referências

ANGHIE, Antony. Imperialism, sovereignty and the making of international law. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.

CRUTCHLEY, Julie. How Can a Decolonial Critique rearticulate concepts of peace and victims in international criminal law? City Law School Research Paper, Londres, 2017.

ESLAVA, Luis. Local space, global life: the everyday operation of international law and development. Cambridge: Cambridge University Press, 2015.

FUNES, José Luis Fernandez‑Flores. El derecho de los conflictos armados. Madrid: Ministerio de Defensa de España, 2001.

GETABICHA, Mihret. Decolonizing the International Criminal Court: considering questions of bias in the prosecution of African leaders. Austin: Rapoport Center for Human Rights and Justice, University of Texas, 2018.

PAHUJA, Sundhya. Decolonising international law: development, economic growth and the politics of universality. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.

POZZATTI, Adhemar. Epistemologias do Sul e emancipação jurídica. Revista da Faculdade de Direito da UFSM, Santa Maria, v. 47, n. 2, p. 31‑52, 2021.

QUIJANO, Aníbal. "Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. Revista Internacional de Sociologia, vol. 61, no. 212, 2003, pp. 73–101. DOI: https://doi.org/10.3989/ris.2003.iExtra.11

SANDER, Barrie; BURGIS-KASTHALLA, Michelle. Contemporary international criminal law after critique: towards decolonial and abolitionist (dis-)engagement in an era of anti-impunity. Journal of International Criminal Justice, Oxford, v. 22, n. 1, p. 127–150, mar. 2024. DOI: https://doi.org/10.1093/jicj/mqae009.

SAVVIAS, Gervaise. Conscious or unconscious? The issue of race within international criminal law. TWAILR, 2023. Disponível em: https://twailr.com/conscious-or-unconscious-the-issue-of-race-within-international-criminal-law/. Acesso em: 31 jul. 2025.

VELIČKOVIĆ, Marina. Decolonial challenges to international criminal justice: narratives from the Global South. International Criminal Law Review, Leiden: Brill, v. 25, n. 2, p. 221–245, jun. 2025. DOI: https://doi.org/10.1163/15718123-25020003.

Downloads

Publicado

2025-11-24

Como Citar

Ribeiro, . M. C. (2025). A colonialidade no Direito Internacional Humanitário: crítica decolonial e proposta de reinterpretação emancipatória . InterAção, 16(5), e94315. https://doi.org/10.5902/2357797594315