A crítica de Strauss a Burke: o conservadorismo moderno diante dos clássicos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2357797593176

Palavras-chave:

Leo Strauss, Edmund Burke, Conservadorismo moderno, Filosofia política

Resumo

Em “Direito Natural e História”, Leo Strauss faz críticas a Edmund Burke, distanciando o seu projeto de resgate da filosofia política clássica do projeto conservador moderno. Este artigo pretende examinar essa crítica. Primeiro: parte-se da descrição dos principais elementos do pensamento de Leo Strauss, da sua crítica à modernidade e da sua proposta de retomada da tradição clássica. A filosofia política deveria ser, segundo Strauss, ancorada na pergunta sobre o melhor regime. Segundo: analisa-se o pensamento de autores como Burke, Kirk e Nisbet, para delimitar a essência do conservadorismo. Há, além da rejeição à abstração, uma ênfase no legado das gerações passadas e que se acha disperso no tecido social. A conclusão é: haveria, em Strauss, a preocupação com o melhor regime e com uma ordem transcendente; e haveria, nos conservadores, uma preocupação com a ordem social historicamente situada. Porém, até essa conclusão está sujeita a matizações.

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Biografia do Autor

Pedro da Silva Moreira, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre

Doutor em Filosofia do Direito pela Universidad Autónoma de Madrid; Professor, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil.

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Publicado

2025-08-22

Como Citar

Moreira, P. da S. (2025). A crítica de Strauss a Burke: o conservadorismo moderno diante dos clássicos. InterAção, 16(3), e93176. https://doi.org/10.5902/2357797593176