Cartas sobre o pesquisar-ebó: opacidade e práticas de cuidado na academia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2357797590954

Palavras-chave:

Pesquisa, Metodologia, Ebó, Terreiro

Resumo

Esse artigo, organizado a partir de cartas, procura apresentar o que chama de pesquisar-ebó, um modo de fazer pesquisa tramado a partir de saberes ancestrais e de autoras e autores negros. O termo ebó, de origem no idioma yorubá, significa oferenda, sacrifício e troca, sendo oferecidos em contextos de trocas com divindades ou entidades, tais como orixás, Exus e pombagiras, podendo ser realizados em diferentes segmentos dentro das tradições de matrizes africanas, tais como Umbanda, Candomblé e Batuque. A pesquisa-ebó se faz à sombra da ancestralidade e dos saberes do terreiro, a que, com Édouard Glissant, chamamos de opacidade. No contexto da pesquisa-ebó, a opacidade é sustentada como uma afirmação de relações (teóricas e existenciais) que não desejam se fazer à luz da transparência e de conceitos adjacentes como clareza, certeza e objetividade. O pesquisar-ebó, à contrapelo da ideia colonizada de metodologia, é um convive a experimentar caminhos outros, posicionando a pesquisa como uma possibilidade de produção de saberes não-hegemônicos, de combate ao epistemicídio e de, sobretudo, uma prática de cuidado.

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Biografia do Autor

Úrsula Ingrid de Souza Faria, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Fisioterapeuta pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre; Doutoranda, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.

Luciano Bedin da Costa, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Professor, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.

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Publicado

2025-11-24

Como Citar

Faria, Úrsula I. de S., & Costa, L. B. da. (2025). Cartas sobre o pesquisar-ebó: opacidade e práticas de cuidado na academia. InterAção, 16(5), e90954. https://doi.org/10.5902/2357797590954