Cuti e a reivindicação da subjetividade negra no teatro brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.5902/2357797588414Palavras-chave:
Cuti, Literatura negra, Teatro brasileiro, Teatro negro, Teatro contemporâneoResumo
Sistematicamente relegado ao segundo plano na história da dramaturgia brasileira, o negro foi (quase) sempre representado, dada a cosmovisão racista que séculos de escravidão relegaram ao país, de forma problemática. Quando não reduzidas a ornamento, reificadas ou silenciadas e impedidas de se expressar, as personagens negras foram concebidas sob o signo do selvagem e do exótico até meados do século XX, quando surgiu o primeiro grande movimento que logrou dignificar o espaço do homem negro nas artes cênicas nacionais: o Teatro Experimental do Negro (TEN), liderado por Abdias do Nascimento. Em que pese a publicação de Dramas para negros, coletânea de peças organizada pelo idealizador do TEN e publicada em 1961 – que ainda incorre no reforço de alguns estereótipos –, até a década de 1980 careceu-se de uma representação do negro em sua plena complexidade emocional. A dramaturgia de Cuti, pseudônimo de Luiz Silva, engajado pensador da literatura negra, surge como a reivindicação da subjetividade negra no teatro brasileiro. Neste artigo, procuramos demonstrar como o escritor propõe a ressemantização dos signos historicamente tornados negativos porque assimilados à negritude e, sobretudo, como sua obra subverte o discurso hegemônico racista ao levar combativamente a complexidade humana do negro ao proscênio.
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