Migração e trabalho: a condição da população haitiana em Lages-SC
DOI:
https://doi.org/10.5902/2357797587667Palavras-chave:
Migração e trabalho, População haitiana, Migrantes em Lages-SCResumo
Este artigo analisa o processo migratório de haitianos para o município de Lages, estado de Santa Catarina, com um enfoque nas relações de trabalho. O estudo apoia-se em autores que dialogam com o tema proposto, especialmente através do pensamento marxista haitiano, oferecendo uma perspectiva materialista enraizada em uma crítica anticolonial. O Haiti, envolto em uma sequência de crises econômicas, tensões sociais e intervenções coloniais e imperialistas, testemunha um movimento histórico de emigração, que se direciona ao Brasil após o devastador terremoto de 2010. Dentro desse contexto, o município de Lages/SC recebe um expressivo grupo de migrantes haitianos. O fenômeno migratório haitiano inicia-se no município liderado por homens, inseridos em trabalhos industriais, estes assumem a responsabilidade de angariar recursos para trazer seus familiares e manter financeiramente aqueles que ficaram no Haiti. Posteriormente, o fluxo migratório passa a ocorrer com mulheres e crianças familiares dos migrantes residentes no município. Relatos apontam que há uma superexploração da força de trabalho dos migrantes no contexto laboral de Lages/SC, bem como a presença de discriminação racial nestes ambientes. Essa investigação busca evidenciar a condição da população haitiana no município de Lages/SC de maneira crítica, a fim de promover a visibilidade dos migrantes neste território.
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