A Questão do Acre: internacionalização dos interesses sobre a contenda acreana
DOI:
https://doi.org/10.5902/2357797512697Palavras-chave:
Questão do Acre, Bolivian Syndicate, Tratado de Petrópolis.Resumo
A Questão Acreana aparentava ser apenas uma contenda bilateral entre Bolívia e Brasil, entretanto constituiu-se em um impasse imerso nos entremeios de um tabuleiro estratégico muito mais complexo, moldando a nova balança de poder e de interesses que se configurava na América do Sul. Neste contexto, a Bolívia estava em situação de clara desvantagem, ameaçada territorialmente pelo Brasil no Acre, pelo Chile no Pacífico, pelo Peru no Titicaca e pela Argentina no Atacama. Para garantir a continuidade de sua existência, o país andino apelou para a concessão de parte de seu território legal a uma companhia de capitais essencialmente norte-americanos, o Bolivian Syndicate, acreditando que assim conseguiria o apoio político dos Estados Unidos nos litígios territoriais que vinha enfrentando. A busca do apoio estadunidense não foi fortuita; pelo contrário, foi fruto de um projeto meticulosamente orquestrado por bolivianos e americanos, visando atender os projetos imperialistas deste e garantir a segurança territorial daquele. Com o surgimento da possibilidade de instalação de uma companhia essencialmente norte-americana na região, o Brasil e outros Estados sul-americanos vêem a sua soberania territorial, bem como seus interesses econômicos, ameaçados pela expansão imperialista estadunidense que se alastrava pelo continente. Desta maneira, em meio ao complexo jogo político que envolveu a questão acreana surgiriam impasses diplomáticos entre os principais players da América do Sul e Europa, moldando os rumos políticos e econômicos do continente sul-americano em fins do século XIX e início do século XX.Downloads
Referências
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