A zona deprimida do Contestado e a ausência de espaços de lazer em pequenas cidades
DOI:
https://doi.org/10.5902/2236499474156Palavras-chave:
Contestado, Pobreza, Espaços de lazerResumo
Este trabalho teve o cunho exploratório e qualitativo, possibilitando reflexões sobre a realidade dos municípios de Calmon, Irani, Lebon Régis, Matos Costa, e Timbó Grande, no estado de Santa Catarina, Municípios onde ocorreu a Guerra do Contestado. Evidenciou-se o esfacelamento da identidade do povo caboclo que ali viveu e que, hoje, arrastam a ausência do reconhecimento e do pertencimento daquela terra. A Guerra do Contestado expressou um profícuo jogo de interesses, gerando uma população descontente e relegada às incursões dos que detinham o poder. Esses municípios conquistaram autonomia política, mas devido às políticas públicas vinculadas à gestão municipal, nem todos contemplam estímulos para reter a população e gerar dinâmica econômica. Boa parte dos municípios apresenta uma economia retraída e vinculada ao setor primário da economia. A pequena expressividade contemplada no setor terciário está vinculada aos pequenos estabelecimentos locais e a prestação de serviços em órgãos públicos, reafirmando o bolsão de pobreza existente no centro-oeste catarinense. São destacados ainda, os parcos investimentos em equipamentos de lazer, na grande maioria, pela iniciativa privada, onde o espaço público passa a dispor de equipamentos de péssima qualidade ou são inexistentes. A maior parte dos municípios do Contestado favorece o enclausuramento da população, justamente por não terem possibilidades de lazer em logradouros públicos, induzindo o consumo do seu tempo de ócio em suas próprias residências, quando muito uma vez por semana em eventos religiosos como missas e cultos ou oportunamente bailes, ou até mesmo jogando a famosa “pelada” em terrenos baldios com campos de futebol improvisados.
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