A zona deprimida do Contestado e a ausência de espaços de lazer em pequenas cidades

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2236499474156

Palavras-chave:

Contestado, Pobreza, Espaços de lazer

Resumo

Este trabalho teve o cunho exploratório e qualitativo, possibilitando reflexões sobre a realidade dos municípios de Calmon, Irani, Lebon Régis, Matos Costa, e Timbó Grande, no estado de Santa Catarina, Municípios onde ocorreu a Guerra do Contestado. Evidenciou-se o esfacelamento da identidade do povo caboclo que ali viveu e que, hoje, arrastam a ausência do reconhecimento e do pertencimento daquela terra. A Guerra do Contestado expressou um profícuo jogo de interesses, gerando uma população descontente e relegada às incursões dos que detinham o poder. Esses municípios conquistaram autonomia política, mas devido às políticas públicas vinculadas à gestão municipal, nem todos contemplam estímulos para reter a população e gerar dinâmica econômica. Boa parte dos municípios apresenta uma economia retraída e vinculada ao setor primário da economia. A pequena expressividade contemplada no setor terciário está vinculada aos pequenos estabelecimentos locais e a prestação de serviços em órgãos públicos, reafirmando o bolsão de pobreza existente no centro-oeste catarinense. São destacados ainda, os parcos investimentos em equipamentos de lazer, na grande maioria, pela iniciativa privada, onde o espaço público passa a dispor de equipamentos de péssima qualidade ou são inexistentes. A maior parte dos municípios do Contestado favorece o enclausuramento da população, justamente por não terem possibilidades de lazer em logradouros públicos, induzindo o consumo do seu tempo de ócio em suas próprias residências, quando muito uma vez por semana em eventos religiosos como missas e cultos ou oportunamente bailes, ou até mesmo jogando a famosa “pelada” em terrenos baldios com campos de futebol improvisados.

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Biografia do Autor

Jaqueline Telma Vercezi, Universidade Estadual de Londrina

Possui mestrado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2001). Doutorado em Geografia na área de concentração: Análise Regional, linha de pesquisa Produção do Espaço e Dinâmicas Territoriais pela Universidade Estadual de Maringá.(2012). Professora AD-D pela Universidade Estadual de Londrina. Com experiência na área de Geografia, atuando principalmente nos seguintes temas: geografia, ensino, produção do espaço urbano, dinâmicas territoriais, metropolização, urbanização, meio técnico-científico-informacional. 

Angela Maria Endlich, Universidade Estadual de Maringá

Graduação em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá (1991), Mestrado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Dissertação: Maringá e o tecer da rede urbana regional - 1998) e Doutorado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Tese: Pensando os papéis e significados das pequenas cidades na região Noroeste do Paraná - 2006, adaptada para publicação pela Editora da Unesp). Estágio pós-doutoral na Universidade de Barcelona (2013-2014). Professora Associada do Departamento de Geografia e PGE da Universidade Estadual de Maringá. Área de atuação no ensino e pesquisa: Geografia Urbana, Geografia Regional, Geografia Econômica e Planejamento. Temas principais de trabalho: pequenas cidades, rede urbana, municípios, escala local e cooperações intermunicipais. Coordenação do Grupo de Estudos Urbanos na Universidade Estadual de Maringá e da Rede Nacional de Pesquisadores de Pequenas Cidades - Mikripoli.

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Publicado

2023-12-29

Como Citar

Vercezi, J. T., & Endlich, A. M. (2023). A zona deprimida do Contestado e a ausência de espaços de lazer em pequenas cidades. Geografia Ensino & Pesquisa, 27, e74156. https://doi.org/10.5902/2236499474156

Edição

Seção

Produção do Espaço e Dinâmica Regional