Nada no mundo é mais órfão que os olhos: o gesto inacabado e a aprendizagem do afeto em A outra margem do mar, de António Lobo Antunes

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2179219484337

Palavras-chave:

Literatura Portuguesa, António Lobo Antunes, Desintegração, Analfabetismo afetivo, Narrativa

Resumo

A escrita de António Lobo Antunes é um complexo emaranhado de vozes, de tempos e espaços, que se aglutinam num tecido textual extremamente desafiador. Em A outra margem do mar, três personagens-narradores desfiam um presente sempre voltado ao passado, neste caso, um tempo de guerra em África, de desintegração familiar e de perdas. Este artigo intenta mergulhar no universo dessas três personagens a fim de expor a arquitetura caótica de seus mundos, em especial essa espécie de analfabetismo afetivo, que lhes impede gestos de ternura e de amor. Como suporte teórico, autores como Le Breton, Bauman, Restrepo, Morin, entre outros.

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Biografia do Autor

Paulo Kralik Angelini, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Graduado em Letras (UFRGS) e Publicidade e Propaganda (PUCRS). Possui experiência em docência no Ensino Médio, doutorado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2008), ênfase em Literatura Portuguesa Contemporânea, com período de doutoramento sanduíche na Universidade de Lisboa (bolsa CAPES). É Coordenador do Curso de Letras - Português e respectivas Literaturas, professor de Letras e de Escrita Criativa na Escola de Humanidade da PUCRS, com ênfase em Literaturas em Língua Portuguesa, professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras (PUCRS) e membro do Núcleo Docente Estruturante dos Cursos de graduação em Letras/Língua Portuguesa e Escrita Criativa da PUCRS. Em 2016, realizou pesquisa Pós-Doutoral no Centro de Estudos Comparatistas, da Faculdade de Letras na Universidade de Lisboa, com bolsa CAPES. É um dos professores idealizadores do Curso Superior de Tecnologia em Escrita Criativa da PUCRS. É coordenador do Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar de Literaturas em Língua Portuguesa e líder do grupo de pesquisa Cartografias Narrativas em Língua Portuguesa: redes e enredos de subjetividade (CNPq), que resulta em dois subgrupos de estudos, um na área da Literatura Portuguesa Contemporânea e outro na de Escrita Criativa. É editor-coordenador da Revista Navegações. É membro da Associação Internacional de Lusitanistas (AIL). Foi coordenador de área (Letras) do projeto PIBID na PUCRS e membro da equipe coordenadora do Programa de Licenciaturas Internacionais/CAPES 2012, na Faculdade de Letras. Atua em Projetos de Cooperação junto à Universidade de Évora, à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e ao Colégio de Aplicação/UFRGS. É autor de dezenas de artigos, em especial sobre literatura portuguesa hipercontemporânea, e organizador das obras ? Inventário da infância: O universo não adulto na narrativa?, ?Mínimo Múltiplo Incomum? e ?A criação da memória: rastros autobiográficos na Literatura Portuguesa?. 

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Publicado

2024-03-08

Como Citar

Angelini, P. K. (2024). Nada no mundo é mais órfão que os olhos: o gesto inacabado e a aprendizagem do afeto em A outra margem do mar, de António Lobo Antunes. Fragmentum, (60). https://doi.org/10.5902/2179219484337