HISTÓRIA, MEMÓRIA E MITO NO ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA

Autores

  • Sílvia Carneiro Lobato Paraense

DOI:

https://doi.org/10.5902/10089

Resumo

Este é o esboço de uma tentativa de abordagem do texto do Romanceiro da Inconfidência a partir das relações que opoema estabelece com suas fontes históricas e também com a memória e a ideologia. Pressuposto um primeiro momento, no qualo texto literário é submetido à análise intrínseca, busca-se nessa fase lançar mão de conceitos teóricos bem como de documentos pertencentes à ordem da realidade empírica, elementos que participaram da construção mesma do texto, conforme depoimento da própria autora.

O objetivo foi verificar a representação da identidade nacional no Romanceiro, para isso recorrendo ao mito de fundação da nacionalidade brasileira segundo o modelo proposto por Marilena Chauí em Brasil - mito fundador e sociedade autoritária.

Com efeito, na reconstrução dos acontecimentos de quetrata o poema, alternam-se vozes oficiais (retomadas dos textos quecompõem o relato histórico),a memória da comunidade, murmuradana tradição oral, guardadora dos silenciamentos impostos pelopoder aos fatos da rebelião. No jogo de memória e esquecimento constroem-se as diferentes versões da história, marcadassucessivamente pela ideologia de cada época. Assim também sealternam, no Romanceiro, os diversos planos (oficiais, escritos;orais, comunitários) constituídos por discursos informados segundodiferentes pontos de vista e sistemas de valores.

Ao apresentar Tiradentes, a personagem histórica sobre aqual recai o peso da sentença real, como mártir sacrificado pelos ideais de justiça e liberdade, o Poema retoma o mito fundador da nacionalidade brasileira. Isso porque o sacrifício transforma a personagem em herói mítico - o herói redentor cujo martírio possibilita a restauração da harmonia no mundo degradado. Com isso, é recuperado o estado de pureza presente no mito da perfeição do Paraíso.

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Publicado

2013-07-27

Como Citar

Lobato Paraense, S. C. (2013). HISTÓRIA, MEMÓRIA E MITO NO ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA. Fragmentum, 1(1), 9–30. https://doi.org/10.5902/10089