O discurso do Empreendedorismo sob a perspectiva da Análise do Discurso Crítica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1414650983814

Palavras-chave:

Discurso do empreendedorismo, Análise do Discurso Crítica, Precarização do trabalho

Resumo

O objetivo deste artigo é discutir a disseminação do discurso sobre o “empreendedorismo” no contexto das relações de trabalho contemporâneas no Brasil, a qual vem sendo feita de forma acrítica e sem questionamentos, associando o tema ao desenvolvimento econômico e ao sucesso pessoal. Para isso, utilizou-se da Análise do Discurso Crítica, de Fairclough e Wodak, assim como análise de microdados trimestrais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE) do mercado de trabalho brasileiro para o período de 2015 a 2021. Os resultados indicam que o processo de desindustrialização e financeirização da economia levaram a uma precarização do trabalho, fazendo com que o discurso do empreendedorismo emergisse no bojo das reformas neoliberais das últimas décadas, em particular a reforma trabalhista de 2017.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Fernando Batista Pereira, Universidade Federal de Alfenas

Professor Adjunto do bacharelado em Ciências Econômicas com Ênfase em Controladoria, do Instituto de Ciências Sociais e Aplicadas (ICSA) da Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG) - Campus Varginha (MG). Professor do mestrado acadêmico Gestão Pública e Sociedade (PPGPS) da Unifal-MG.Doutor em Economia pelo CEDEPLAR/UFMG (2015, bolsa da Fapemig), com doutorado sanduíche realizado na Leeds University Business School - LUBS (2014, bolsa da CAPES). Mestre em Economia pelo CEDEPLAR/UFMG (2004, bolsa do CNPq), e Bacharel em Economia pelo IE/UNICAMP (2000). Possui experiência em pesquisas nos temas: Capacitação e educação financeira; Microcrédito e economia popular; Exclusão e inclusão financeira; Universidade Pública; Economia Comportamental; Economia regional e urbana; Pobreza e desigualdade; Desenvolvimento Sustentável. Trabalhou como pesquisador e consultor na academia, no setor privado e em instituição pública, com passagem pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS (2009-2011), onde atuou como coordenador-geral de avaliação de resultados e de impacto de programas sociais. Membro desde 2022 do grupo Oikos: desenvolvimento, sustentabilidade e políticas públicas.

Carolina Vaz Santos, Universidade Federal de Alfenas

Graduada no Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Economia (2020) e em Ciências Econômicas com Ênfase em Controladoria (2022) na Universidade Federal de Alfenas.

Referências

ALMEIDA, J. G. de. Práticas sociais face ao desemprego: um estudo sobre a criação do próprio emprego. 2018, 494 p. Tese (Doutorado em Sociologia). Universidade de Coimbra, Coimbra, 2018.

ARAÚJO, I.; BRANDÃO, V. Trabalho e renda no contexto da pandemia de covid-19 no Brasil. Revista Prâksis, Novo Hamburgo, v. 2, p. 96-111, 2021.

ATTÍLIO, L. A. Financeirização e acumulação de capital fictício na economia brasileira. Revista Ciências do Trabalho: São Paulo, n. 11, p.1-26, 2018.

BATISTA JR, J. R. L.; SATO, D. T. B.; MELO, I. F. de. Análise do discurso crítica para linguistas e não linguistas. São Paulo: Parábola, 2018.

BECK, U. World Risk Society. Cambridge: Polity Press. 1999.

BLOMMAERT, J.; BULCAEN, C. Critical discourse analysis. Annual review of Anthropology, v. 29, n. 1, p. 447-466, 2000.

CAMPOS, A.; SOEIRO, J. A falácia do empreendedorismo. Lisboa: Bertrand editora, 2016.

COSTA, A. da; BARROS, D.; MARTINS, P. A alavanca que move o mundo: o discurso da mídia de negócios sobre o capitalismo empreendedor. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 10, p. 357-375, 2012.

COUTINHO, L.; BELLUZZO, L. G. M. Desenvolvimento e estabilização sob finanças globalizadas. Economia e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 129-154, 1996.

EPSTEIN, G. Financialization, rentier interests, and central bank policy. PERI Conference on Financialization of the World Economy, 2001. Disponível em: <https://peri.umass.edu/media/k2/attachments/fin_Epstein.pdf> Acesso em 20/03/2023.

FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 316 p. 2001.

FILGUEIRAS, V. As promessas da reforma trabalhista: combate ao desemprego e redução da informalidade. In OLIVEIRA, J.D.;

FILGUEIRAS, V. (org). Reforma Trabalhista no Brasil: promessas e realidade. Campinas, SP: Curt Nimuendajú, p. 13-52, 2019.

FOUCAULT, M. Power/knowledge: Selected interviews and other writings, 1972-1977, London: Vintage, 1980.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 1984.

GONÇALVES, C.; COIMBRA, J. Significados e centralidade do trabalho nas sociedades ocidentais contemporâneas: uma abordagem psicológica e histórico social. Psychologica, 44, p. 401-426, 2007.

GUIMARÃES, C. Análise crítica do discurso: reflexões sobre contexto em Van Dijk e Fairclough. Eutomia, v. 1, n. 09, 2012. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/EUTOMIA/article/view/959. Acesso em 21/03/2023.

GÜROL, Y.; ATSAN, N. Entrepreneurial characteristics amongst university students: some insights for entrepreneurship education and training in Turkey. Journal of Education & Training, Bingley, v. 48, n. 1, 2006.

HARVEY, D. O neoliberalismo: história e implicações. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

KRUGMAN, P. A Crise de 2008 e a Economia da Depressão. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

KOVÁCS, I. Emprego flexível em Portugal: Alguns resultados de um projecto de investigação. In KOVÁCS, I. (Org.), Flexibilidade de Emprego: Riscos e Oportunidades (pp. 11-53). Oeiras: Celta Editora, 2005.

LAVINAS, L; GENTIL, D. Brasil anos 2000: a política social sob regência da financeirização. Novos Estudos CEBRAP, vol. 37, n. 2, p.191-211, 2018.

LIMA-SOUZA, E.; MOTA-SANTOS, C.; CARVALHO NETO, A. Reforma trabalhista, revolução digital e violência política: último prego no caixão do trabalho do telejornalista. O Social em Questão - Ano XXIV - nº 49 - Jan a Abr/2021.

LÚCIO, C. G. O novo mundo do trabalho é flexível, precário e inseguro. Carta Social e do Trabalho, n.38, p.1-11, jul./dez. 2018.

MANZANO, Marcelo; CALDEIRA, Christian Duarte. Dinâmica recente do mercado de trabalho brasileiro ainda nos marcos da CLT. In Krein, J.D.; GIMENEZ, D. M.; SANTOS, A. L. Dimensões críticas da reforma trabalhista no Brasil. São Paulo: Curt Nimuendaju, 2018.

MANZANO, Marcelo; KREIN, André. A pandemia e o trabalho de motoristas e de entregadores por aplicativos no Brasil. Campinas: Cesit/Unicamp, 2020.

MATOS, W. G. Do pós-guerra à financeirização da economia. Anais do XXI Encontro Nacional de Economia Política, São Bernardo do Campo, 2016.

OLIVEIRA, E. P. de; MOITA, D.; AQUINO, Cassio A. de. O empreendedor na era do trabalho precário: relações entre empreendedorismo e precarização laboral. Psicologia política, v. 16. nº 36, p. 207-226. Maio – ago. 2016.

PLIHON, D. Desequilíbrios mundiais e instabilidade financeira (A responsabilidade das políticas liberais: um ponto de vista keynesiano). Economia e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 85-127, 1996.

PONTES, D.; FERNANDES, K.; XIMENES, P.; PEÑALOZA, V. Ser Empreendedor é ser herói? Uma Análise dos Pequenos Empresários. Revista Ciências Administrativas, v. 16, n. 1, 2010.

TAVARES, M. A. Trabalho informal: os fios (in) visíveis da produção capitalista. Revista Outubro, n. 7, p. 49-60, 2002.

TEIXEIRA, M.; BORSARI, P. Mercado de trabalho no contexto da pandemia: a situação do Brasil até abril de 2020. Campinas: Cesit/Unicamp, 2020. Disponível em: https://www.cesit.net.br/wp-content/uploads/2020/06/Marilane-e-Pietro-Mercado-de-trabalho-1o-quadrimestre-2020-vf2.pdf

THOMPSON, John B. Studies in the Theory of Ideology. California: Univ. of California Press, 1984.

WODAK, R. What CDA is about–a summary of its history, important concepts and its developments. Methods of critical discourse analysis. London: Sage, 2001. p. 1-13.

Downloads

Publicado

2024-02-28

Como Citar

Pereira, F. B., & Santos, C. V. (2024). O discurso do Empreendedorismo sob a perspectiva da Análise do Discurso Crítica. Economia E Desenvolvimento, 35, e83814. https://doi.org/10.5902/1414650983814

Edição

Seção

Artigos