A persistência das feiras de agricultores familiares em um cenário de “sojificação da sociedade”: elementos da realidade de Júlio de Castilhos e Tupanciretã/RS
DOI:
https://doi.org/10.5902/1414650940884Palavras-chave:
Alimentação saudável, Consumidores, Feira de agricultores, Desenvolvimento rural, Agricultura familiarResumo
Uma forma de resgate e manutenção da cultura alimentar é por meio dos mercados de circuito curto, principalmente as feiras de agricultores. Assim, o trabalho visa uma investigação dos consumidores e agricultores feirantes, considerando que o fornecimento de alimentos, através das feiras municipais, propicia além de emprego e renda aos agricultores, também, qualidade de produto aos consumidores. Neste espaço é possível comercializar e agregar valor aos produtos oriundos da agricultura familiar, além de criar elos de relação social. Neste sentido, aplicamos questionários com perguntas mistas em ambas categorias, agricultores e consumidores, nas feiras de Júlio de Castilhos e Tupanciretã. Observamos que há uma grande assiduidade por parte dos consumidores e também uma preferência por determinado agricultor. As feiras podem ser analisadas sob vários aspectos: a importância das feiras como espaços diferenciados de consumo; a identificação das feiras como locais onde é possível comprar um alimento de melhor qualidade; a busca por parte dos consumidores por alimentos com identidade cultural; a dimensão da contribuição social que as feiras possuem, no que tange a geração de renda para os agricultores; e um dos aspectos mais importantes, a consolidação de um espaço diferenciado e com identidade de agricultura diferente da hegemônica dos municípios.
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