Memento mori: Museu Nacional e o arquivo sem museu
DOI:
https://doi.org/10.5902/2595523363395Palavras-chave:
Sistema das artes, arte e arquivo, narrativas visuais,Resumo
Este artigo parte de uma análise do conteúdo visual compartilhado no Instagram sobre o Museu Nacional do Rio de Janeiro após o incêndio que destruiu quase a totalidade de sua coleção, em 2 de setembro de 2018. Focando na hashtag #museunacionalvive, e concentrando a busca no primeiro ano após o trágico episódio, discutimos como esse arquivo sem museu (Foster, 1996) pode ser visto como um memorial difuso criado por memórias coletivas. Argumentamos, ainda, que esse memorial involuntário que surge de forma espontânea com o compartilhamento de imagens pessoais de arquivo ou de outras categorias existe também como uma compensação para a falta de programas públicos que tratem da memória e preservação do patrimônio no Brasil. Além disso, também apresentamos algumas proposições sobre o processo de remediação de um arquivo que não existe mais após a perda material da maioria de seus 20 milhões de itens a partir do conjunto de imagens fantasmagóricas que existem enquanto vestígio. Nesse sentido, analisamos uma variedade dessas imagens e possíveis categorizações desse museu imaginário memorialístico compartilhadas pelo público na hashtag #museunacionalvive.
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