BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS NÃO SIMBIÓTICAS E ENRAIZAMENTO DE ESTACAS SEMILENHOSAS DE OLIVEIRA (<i>Olea europaea</i> L.)

Autores

  • Talita Filomena Silva
  • Rogério Melloni
  • Eliane Guimarães Pereira Melloni
  • Emerson Dias Gonçalves

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509826447

Palavras-chave:

bactérias endofíticas, bactérias promotoras de crescimento, diversidade fisiológica, olivicultura.

Resumo

Bactérias diazotróficas não simbióticas (BDNS) atuam no desenvolvimento das plantas principalmente por meio da fixação biológica de nitrogênio e pela produção e liberação de substâncias reguladoras do crescimento vegetal. Não há descrito na literatura internacional o efeito dessas bactérias no enraizamento de estacas de oliveira, o qual tem sido proporcionado pelo uso de tratamento hormonal à base de ácido indolbutírico (AIB).

Em vista disso, este trabalho objetivou avaliar a diversidade fisiológica de isolados obtidos em amostras de solo da Reserva Biológica Serra dos Toledos (Itajubá - MG) e de estirpes-tipo de BDNS, e o potencial de substituição do hormônio AIB no enraizamento de estacas semilenhosas de oliveira na Fazenda Experimental de Maria da Fé (FEMF-EPAMIG). Os isolados foram distribuídos em 5 grupos (G1 a G5) de acordo com suas características fenotípicas culturais baseadas em cor, diâmetro e consistência das colônias, e as estirpes-tipo utilizadas foram Azospirillum brasilense (BR11001), Azospirillum amazonense (BR11040), Herbaspirillum seropedicae (BR11175) e Burkholderia brasilensis (BR11340). A diversidade fisiológica foi avaliada através de experimentos de solubilização de fosfato, tolerância a diferentes condições de pH,  temperatura e produção de ácido indolacético (AIA). Para avaliação do potencial de enraizamento nas estacas semilenhosas de oliveira foram utilizados os cultivares Ascolano 315, Arbequina e Grappolo 541, oriundas do banco de germoplasma da FEMF-EPAMIG. Aplicaram-se 33 tratamentos, nos quais as estacas foram inoculadas com os grupos de isolados bacterianos, com as estirpes-tipo, sem inoculação (controle) e apenas com AIB, comercialmente utilizado na FEMF-EPAMIG. Apenas dois isolados mostraram capacidade de solubilização de fosfato. Os grupos de isolados e das estirpes-tipo apresentaram exigências ambientais muito similares com amplas faixas de condições ótimas de pH (5,0 a 9,0) e temperatura (15-35ºC) para máximo crescimento. Os isolados e estirpes-tipo apresentaram uma produção de AIA variando de 110,53 a 383,58 µg mL-1, sendo que os grupos dos isolados, em geral, não diferiram significativamente dos valores obtidos pelas estirpes-tipo. Todos os grupos de isolados apresentam potencial de enraizamento de estacas de oliveira, sendo aqueles dos grupos 1 e 4 mais indicados para o cultivar Arbequina, grupo 2 para o Grappolo 541 e grupos 1 e 5 para o Ascolano 315, com desempenhos semelhantes àquele proporcionado pelo AIB.

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Publicado

31-03-2017

Como Citar

Silva, T. F., Melloni, R., Melloni, E. G. P., & Gonçalves, E. D. (2017). BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS NÃO SIMBIÓTICAS E ENRAIZAMENTO DE ESTACAS SEMILENHOSAS DE OLIVEIRA (<i>Olea europaea</i> L.). Ciência Florestal, 27(1), 61–71. https://doi.org/10.5902/1980509826447

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