Zé do Caixão: entre o intelectual nietzschiano e os degredados blasfemos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2175497748340

Palavras-chave:

Zé do Caixão, Blasfêmia, Degredados, Friedrich Nietzsche, Cinema

Resumo

Este artigo tem como objetivo entender a constituição do personagem Zé do Caixão, criado e interpretado pelo cineasta José Mojica Marins, a partir do prisma da blasfêmia. Além disso, o texto defende Zé do Caixão como um personagem criado como reminiscência de dois arquétipos blasfemos da Idade Moderna, a saber, o bêbado das classes populares, que frequentava a taverna e o intelectual anti-religioso das classes altas. Para defender tal ponto, o artigo se baseia nas análises de Pieroni (2002) sobre os degredados de Portugal para o Brasil e os textos críticos ao cristianismo do filósofo Friedrich Nietzsche (2012; 2013), comparando-os com falas e atos do personagem de Mojica. O texto conclui que boa parte do sucesso de Zé do Caixão se deve a seu modo de ser revoltado contra as instituições morais, ao mesmo tempo em que atiça a curiosidade e ojeriza do público.

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Biografia do Autor

Giancarlo Backes Couto

Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS, na linha de pesquisa Cultura e Tecnologias das imagens e dos imaginários. Graduando em Filosofia (Licenciatura), pela Universidade Federal de Pelotas

Carlos Gerbase, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS

Doutor em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Pós-doutor em Cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris 3, integrante do programa de Pós-graduação em Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

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Publicado

26-09-2022

Como Citar

Couto, G. B., & Gerbase, C. (2022). Zé do Caixão: entre o intelectual nietzschiano e os degredados blasfemos. Animus. Revista Interamericana De Comunicação Midiática, 21(46). https://doi.org/10.5902/2175497748340

Edição

Seção

Estudos sobre Cinema