Constituindo um espaço de relação entre o institucionalismo e o marxismo althusseriano
DOI:
https://doi.org/10.5902/2317175866203Palavras-chave:
Análise institucional, Análise de implicação, Interpelação ideológicaResumo
Desde a configuração inicial do movimento institucionalista na França da década de 1960, o campo da análise institucional tem dirigido sua atenção aos processos de autoanálise e autogestão nas comunidades. Para se realizar uma análise da instituição, entretanto, tem-se considerado como essencial a condução de uma análise de implicação, que diz respeito ao exame das relações que os indivíduos desenvolvem e mantêm com a instituição. Para avançar no exame desse vínculo com o qual o indivíduo, sem saber, se deixa “tomar” pelo funcionamento institucional, evocamos o processo de interpelação ideológica introduzido por Althusser, com o qual o autor articula as noções de inconsciente e ideologia. Para dissecar suas etapas, recorremos ainda à distinção operada por Mara Glozman entre duas zonas discursivas designadas pela autora como instâncias de formação e formulação. O intervalo lógico que as separa parece apresentar-se como dimensão estratégica para se pensar a relação estabelecida entre indivíduo e instituição. Desde aí, sugerimos que a análise de implicação pode se desdobrar em dois momentos: (i) uma análise histórica do discurso que investiga a formação do complexo institucional, e (ii) um exame dos mecanismos inconscientes por meio dos quais a função institucional que o indivíduo cumpre sem saber permanece para ele como desconhecida.
Downloads
Referências
ALTHUSSER, L. Ideologia e aparelhos ideológicos do Estado. 3. ed. Lisboa, Editorial Presença / Martins Fontes, 1980.
ALTHUSSER, L. Tres notas sobre la teoría de los discursos, 1966. In: Escritos sobre psicoanálisis: Freud y Lacan. Distrito Federal, Siglo Veintiuno Editores, 1996.
BAREMBLITT, G. F. Compêndio de análise institucional e outras correntes: teoria e prática. Rio de Janeiro, Rosa dos Tempos, 1992.
COURTINE, J-J. O conceito de formação discursiva. In: BARONAS, R. L. (org.). Análise de discurso: apontamentos para uma história da noção-conceito de formação discursiva. Araraquara, Letraria, 2020, p. 58–87. (Originalmente publicado em 1981).
FARIAS, J. G. A de. Étienne Balibar e Louis Althusser: estado e ideologia. Revista Pensata, v. 8, n. 1, n. p., 2019. DOI: https://doi.org/10.34024/pensata.2019.v8.10156.
FREUD, S. Obras completas - Volumen I. Madrid, Editorial Biblioteca Nueva, 1948.
FREUD, S. O futuro de uma ilusão. Porto Alegre: L&PM, 2010. E-book.
GUATTARI, F. Psicoanalisis y transversalidad. Buenos Aires, Siglo XXI Argentina Editores SA, 1976.
GLOZMAN, M. ( Re ) leer Pêcheux hoy . El problema del décalage en la teoría materialista del discurso. Revista Digital de Ideas Políticas, n. 12, p. 117–133, 2020.
LOURAU, R. A análise institucional. Petrópolis, Vozes, 1996.
MAINGUENEAU, D. Gênese dos discursos. São Paulo, Parábola Editorial, 2008.
MARX, K.; ENGELS, F. A Ideologia Alemã. São Paulo, Boitempo Editorial, 2007.
MARX, K., ENGELS, F. Manifesto Comunista. São Paulo, Boitempo Editorial, 2010.
MONCEAU, G. Implicação, sobreimplicação e implicação profissional. Fractal Revista de Psicologia, v. 20, n. 1, p. 19–26, 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S1984-02922008000100007.
OLIVEIRA, G. F. A enunciação em Michel Pêcheux: uma questão inquietante. Bakhtiniana. Revista de Estudos do Discurso, v. 15, n. 3, p. 267–296, 2020.
PAULON, S. M. A análise de implicação como ferramenta na pesquisa-intervenção. Psicologia & Sociedade, v. 17, n. 3, p. 18–25, 2005. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-71822005000300003.
PÊCHEUX, M. A forma-sujeito do discurso. In: Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1995. p. 159–185.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista Sociais e Humanas
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Os direitos autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais. A revista permitirá o uso dos trabalhos publicados para fins não-comerciais, incluindo direito de enviar o trabalho para bases de dados de acesso público. Os artigos publicados são de total e exclusiva responsabilidade dos autores.