Honra, genealogia e memória como estratégias de distinção familiar no sertão nordestino
DOI:
https://doi.org/10.5902/2236672594796Palavras-chave:
Memória, Genealogia, Família, Poder, DominaçãoResumo
Este artigo defende que os livros de memórias de caráter genealógico escritos por descendentes de famílias políticas rurais ou urbanas escondem, na sua aparente pretensão de registrar memórias e a história das cidades, na verdade, uma estratégia de dominação e legitimação moral do nome de famílias tradicionais. Essa é uma prática que não somente garante prestígio ao grupo familiar, mas também concede aos escritores da família a chancela de construção do discurso oficial sobre o local onde se originam suas práticas. Partimos da realidade da família Pereira do Pajeú, no interior de Pernambuco, a qual possui o status de tradicional pelo seu histórico político de dominação de cerca de 200 anos à frente do processo político local corroborado pela constante atualização de livros genealógicos e de memórias que produzem efeitos para além de uma inócua nostalgia, reforçando simbolicamente a honra e distinção da família no seio social.
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