Honra, genealogia e memória como estratégias de distinção familiar no sertão nordestino

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2236672594796

Palavras-chave:

Memória, Genealogia, Família, Poder, Dominação

Resumo

Este artigo defende que os livros de memórias de caráter genealógico escritos por descendentes de famílias políticas rurais ou urbanas escondem, na sua aparente pretensão de registrar memórias e a história das cidades, na verdade, uma estratégia de dominação e legitimação moral do nome de famílias tradicionais. Essa é uma prática que não somente garante prestígio ao grupo familiar, mas também concede aos escritores da família a chancela de construção do discurso oficial sobre o local onde se originam suas práticas. Partimos da realidade da família Pereira do Pajeú, no interior de Pernambuco, a qual possui o status de tradicional pelo seu histórico político de dominação de cerca de 200 anos à frente do processo político local corroborado pela constante atualização de livros genealógicos e de memórias que produzem efeitos para além de uma inócua nostalgia, reforçando simbolicamente a honra e distinção da família no seio social.

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Biografia do Autor

Giovanni Alves Duarte de Sá, Universidade Federal da Paraíba

Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal da Paraíba (PPGS-UFPB). E-mail: giovannialvesduarte@gmail.com

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Publicado

2025-12-13

Como Citar

Alves Duarte de Sá, G. (2025). Honra, genealogia e memória como estratégias de distinção familiar no sertão nordestino. Século XXI – Revista De Ciências Sociais, 15(1), 150–163. https://doi.org/10.5902/2236672594796

Edição

Seção

Dossiê