Do Senegal à Pelotas, RS: migração, identidade e violência

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2236672536920

Palavras-chave:

Identidade, Senegaleses, Imigração, Globalização, Diáspora negra

Resumo

Este artigo é um desdobramento de uma etnografia realizada junto a um coletivo de imigrantes senegaleses, que viveram (ou vivem, em número bastante reduzido) essa diáspora na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul (RS), onde se viram diante de forte repressão em suas atividades como vendedores ambulantes de inúmeros produtos. No trabalho foram descritas experiências vivenciadas desde 2015 com esse coletivo, em que a observação participante se transformou e se intercalou no envolvimento e em mediações perante o poder público local e organizações da sociedade civil, relacionadas a perspectivas teóricas que se debruçam sobre a diáspora negra, a identidade e a colonialidade. Especificamente nesta pesquisa com imigrantes oriundos do Senegal, são abordadas algumas (re)configurações da identidade, assim como estratégias de inserção nesse processo migratório, que em determinados momentos se apresentou a eles de forma hostil em função da repressão policial, mas que também permitiu a formação de laços com a população local.

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Biografia do Autor

Simone Assis Alves Roberto, Universidade Federal de Pelotas (UFPel),

Mestre em Antropologia Social e Cultural pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGAnt/UFPel) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Patrícia dos Santos Pinheiro, Universidade Federal da Paraíba (UFPB),

Pós-doutoranda em Antropologia no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB);Bolsista do Programa Nacional de Pós-Doutorado da Capes.

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Publicado

2019-10-30

Como Citar

Roberto, S. A. A., & Pinheiro, P. dos S. (2019). Do Senegal à Pelotas, RS: migração, identidade e violência. Século XXI – Revista De Ciências Sociais, 9(1), 123–158. https://doi.org/10.5902/2236672536920