Cooxupé e o desafio da agregação de valor: oportunidades a partir da emergência climática
DOI:
https://doi.org/10.5902/2359043285519Palavras-chave:
Meio ambiente e Comércio, Cooperativismo, Desenvolvimento Sustentável, Agricultura Familiar, OligopóliosResumo
A partir de modelos dinâmicos de evolução tecnológica, aplicados aos princípios fundamentais identificados pelos clássicos da Organização Industrial, foi possível identificar as vantagens competitivas e as estratégias adotadas pelas grandes corporações do agronegócio brasileiro em ascensão no exterior. No caso das empresas que conseguiram atender diretamente outros mercados, foi fundamental a estratégia de “nicho ambiental”, estabelecendo uma série de certificações e arranjos territoriais de uso e ocupação do solo no Brasil e validada por meio de parceria/aquisição de empresas no país alvo, contornando assim o protecionismo comercial aplicado aos produtos de origem agropecuária. Essas parcerias foram conquistadas a partir do poder de mercado das empresas brasileiras, tanto como compradoras (monopsônio regional de originação, oferta de crédito, orientação técnica, insumos e armazenagem), quanto como vendedoras (eficiência logística e ganhos de escala). Argumenta-se neste trabalho que a Cooxupé compartilha de todas essas vantagens, com um elemento adicional: Os mercados consumidores de café são muito mais exigentes e diversificados, o produto em si apresenta maior especificidade e variabilidade, além de que nossos concorrentes apresentam menor capacidade de enfrentar as novas demandas em um contexto de crescente preocupação com os efeitos do aquecimento global. Investiga-se sua oportunidade de verticalização e internacionalização comercial.
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