Meningite no Brasil: análise de aspectos epidemiológicos durante 10 anos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2236583471151

Palavras-chave:

Epidemiologia, Saúde Pública, Indicadores de morbimortalidade, Doença infecciosa

Resumo

Introdução: A meningite é uma doença inflamatória que acomete as membranas que revestem o Sistema Nervoso Central (SNC) e o líquido cefalorraquidiano (LCR). A incidência desse agravo depende de fatores como aglomerados populacionais, características socioeconômicas da população e do clima e agentes etiológicos, como vírus e bactérias. No Brasil, apesar de haver nos últimos dez anos melhorias no prognóstico, as meningites infecciosas ainda representam um relevante problema de saúde pública, necessitando de maior atenção do ponto de vista epidemiológico. Objetivo: Analisar os aspectos epidemiológicos da meningite no Brasil, no período de 2010 a 2019. Metodologia: Foi realizado um estudo transversal, descritivo, retrospectivo e quantitativo, com a utilização de dados provenientes do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN), os quais foram organizados em tabelas e gráficos para análise epidemiológica. As variáveis aplicadas foram: ano, sintoma, região de notificação, faixa etária, etiologia, critério confirmatório, sexo, raça, sorogrupo e evolução dos casos. Resultados: Foram notificados 182.126 casos de meningite no Brasil entre os anos de 2010 e 2019, sendo o ano de 2012 o de maior número de registros. Verificou-se que a doença é predominante no sexo masculino (59,12%), acometendo principalmente os indivíduos identificados por raça/cor branca (56,73%) e aqueles pertencentes à faixa etária de 0 a 9 anos (47,11%), sendo a evolução para a alta hospitalar (89,55%) o desfecho de maior prevalência. O Sudeste do país apresentou maior número de casos, correspondendo a 54,23%. A meningite viral (45,86%) e o sorogrupo C da meningite meningocócica (3,43%) foram os que mais se destacaram, sendo o exame quimiocitológico (60,98%) o mais utilizado como critério confirmatório. Conclusão: Constatou-se que a meningite é uma doença endêmica em todas as regiões brasileiras, o que mostra a necessidade do aperfeiçoamento das ações de saúde no tocante à prevenção dessa doença, incluindo aspectos educativos e assistenciais, além de reforçar a importância da notificação pelos profissionais de saúde.

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Biografia do Autor

Anderson Peixoto da Silva, Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas

Graduando em Medicina pela Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal). Atualmente, é pesquisador PIBIC-FAPEAL na área de Parasitologia.

Tayla Silva Duarte, Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas

Acadêmica de Medicina pela Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas -UNCISAL. Foi membro da Liga Interdisciplinar de Neonatologia- LINEO. Atualmente é integrante do Projeto de Extensão Uso Racional de Plantas Medicinais do Programa de Educação e Saúde Integrativa do ICBS- UFAL. Também participa do Projeto de Atenção Integral à Saúde Prisional e Internação Socioeducativa (PAISPIS).

Alanne Carolayne Loureiro Lino, Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas

Acadêmica do curso de Bacharelado em Medicina da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNCISAL. Possui formação de nível técnico em Informática / Desenvolvimento Software pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL) - Campus Arapiraca - 2014; Atualmente, Pesquisadora PIP / UNCISAL; Membro do Projeto Coração de Estudante; Membro da Liga Acadêmica de Clínica Médica da Uncisal (LACME); Membro da Liga Acadêmica de Cirurgia Vascular do CESMAC (LAVASC); Voluntária do Projeto Fecha Feridas - Cendovascular; Tesoureira do Diretório Acadêmico 2 de Maio. Tem interesse na área de divulgação científica, com ênfase em Ciência, Saúde e Tecnologia.

Maykon Wanderley Leite Alves da Silva, Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas

Médico pela Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNCISAL.

Fernando Luiz de Andrade Maia, Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas

É Médico formado pela Universidade do Estado do Pará (1994) e Residência Médica em Infectologia pelo Hospital Universitário João de Barros Barreto, da UFPA (1997). É professor auxiliar de Microbiologia da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL) e professor auxiliar de Infectologia da UFAL; coordenador e preceptor do estágio obrigatório de Medicina da UFAL e UNCISAL. Também é coordenador e preceptor da Residência Médica de Infectologia do Hospital Escola Dr. Hélvio Auto, ligado à UNCISAL. É médico infectologista do ambulatório especializado em HIV/AIDS do HEHA. É Médico de Referência em Genotipagem do HIV do Estado de Alagoas. Também é médico infectologista do Hospital do Açúcar e da Santa Casa de Misericórdia de Maceió. Trabalha como médico do serviço de Medicina Hiperbárica da Santa Casa de Maceió.

Adriane Borges Cabral, Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas

Graduada em fisioterapia pela Universidade de Pernambuco, mestre em biociências (recursos naturais do semiárido) pela Universidade Federal do Vale do São Francisco e doutora pelo programa RENORBIO. Docente da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL), ministrando as disciplinas de biologia celular e molecular e histologia. Além disso, ministra aulas na disciplina de método de avaliação ii e saúde do adulto referentes à dermatofuncional, e massoterapia. Possui projetos de pesquisas aprovados com bolsa. Atualmente exerce o cargo de supervisora de pós-graduação stricto-sensu na UNCISAL. Docente do centro universitário CESMAC do curso de medicina, nos módulos: bases celulares e moleculares i, ii e iii; membro do programa de pós graduação em análise de sistemas ambientais (PPGASA) - CESMAC. Docente permanente e vice-coordenadora da nucleadora UNCISAL do programa de pós-graduação em saúde da família da RENASF/fiocruz (rede nordeste de formação em saúde da família). Membro da comunidade dos viventes e participa do projeto vincular.

Juliane Cabral Silva, Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas

Graduada em fisioterapia pela Universidade de Pernambuco, mestre em biociências (recursos naturais do semiárido) pela Universidade Federal do Vale do São Francisco e doutora pelo programa RENORBIO. Docente da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL), ministrando as disciplinas de biologia celular e molecular e histologia. Além disso, ministra aulas na disciplina de método de avaliação ii e saúde do adulto referentes à dermatofuncional, e massoterapia. Possui projetos de pesquisas aprovados com bolsa. Atualmente exerce o cargo de supervisora de pós-graduação stricto-sensu na UNCISAL. Docente do centro universitário CESMAC do curso de medicina, nos módulos: bases celulares e moleculares i, ii e iii; membro do programa de pós graduação em análise de sistemas ambientais (PPGASA) - CESMAC. Docente permanente e vice-coordenadora da nucleadora UNCISAL do programa de pós-graduação em saúde da família da RENASF/fiocruz (rede nordeste de formação em saúde da família). Membro da comunidade dos viventes e participa do projeto vincular.

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Publicado

2023-08-09

Como Citar

Peixoto da Silva, A., Duarte, T. S., Lino, A. C. L., Silva, M. W. L. A. da, Maia, F. L. de A., Cabral, A. B., & Silva, J. C. (2023). Meningite no Brasil: análise de aspectos epidemiológicos durante 10 anos. Saúde (Santa Maria), 49(2), e71151. https://doi.org/10.5902/2236583471151